Bom, essa é uma das várias histórias que escrevi sobre o cotidiano. Espero que gostem, de coração.
Todos que me conhecem sabem que eu sou muito azarado. Pois é, isso mesmo. Parece que meu parto foi numa sexta-feira 13 debaixo de uma escada feita por um gato preto. O que contarei aqui, caro leitor, deve ficar entre nós.
Dia 09 de novembro, 2007. Meu 16º aniversário. Meus pais viajaram por motivos que não vêm ao caso neste momento. Eu e meu irmão estaríamos sozinhos em casa naquele dia, não fosse pela insistência de um amigo meu para irmos ao show de uma banda “de baile”, daquelas que tocam de tudo um pouco. Esta banda era um pouco diferente, já que remixava um pouco as músicas e fazia um ritmo próprio, com direito a dançarinos e dançarinas. Gastei alguns trocados do dinheiro que obtivera da féria mensal, e fomos a pé, eu, Paulo e Valério.
Chegamos ao nosso local-objetivo completamente molhados de suor - parecia que tínhamos pulado na lagoa, com roupas -. Como sempre, eu já estava uma pilha de nervos, xingando até os cabelos daquele lugar mais remoto do corpo, cujo nome não vem ao caso. Já estava arrependido de ter ido, não fosse pelo fato que presenciara naquela hora: a porta do espaço para festas estava lotada de gente.
A partir daí eu comecei a pensar: “Pode ser que valha a pena a grana que eu gastei”. Minhas intenções de vender meu ingresso foram pro fundo do lago quando eu notei uma menina me encarando. Olhei, pensando: “Eu a conheço de algum lugar”, quando eu a notei me cumprimentando. Não me esqueço dos seus dizeres: “Lembra de mim? Estudei contigo na 4ª série!”. E não é que eu me lembrava dela? Seu nome era Virgínia. Conversei um pouco com ela, e lhe disse para que me esperasse lá dentro, quando o show começasse. Literalmente.
Paulo e Valério me chamaram, e entramos furando fila. Mesmo não gostando disto, tive de fazê-lo, uma vez que eu não poderia ficar esperando sozinho na fila. O mundo já não é tão seguro.
Fui o último da turma a ser revistado - note a presença do meu azar novamente: eu sempre pego o segurança mais barrigudo e mal encarado. O cara ficou uns 5 minutos me revistando, passou a mão em tudo que é lugar, mandou tirar celular do bolso, coisas assim. E era só comigo, pois as outras pessoas entravam rápido -. Realmente eu não nasci para ter sorte...
O espaço estava lotado - será que cometi uma antítese sem saber? - segui Paulo e Valério através da multidão, quando notei que o show começara. Encontro Virgínia, e já ia seco conversar com ela quando noto que o filho da mãe do namorado dela chegara. É, parecia que era o fim da picada. Mas não desisti. Paulo me falou: “Pra que se importar? É uma a menos e 3 a mais!”. Então conversei com o máximo de mulheres que consegui, recebendo mais tocos que madeireiras em horário de pico.
Pois é, estava difícil pra mim. Mas como diria meu camarada Murphy, nada é tão ruim a ponto de que não possa ficar pior. Olho pro lado e vejo Paulo beijando uma mulher - se este é apelido para o dragão - tão feia que parece fazer a Dercy Gonçalves ser uma top-model. Esse monstro parecia a Gordelícia, do Pânico na TV, e recebia o codinome de Janete - que por mera coincidência é o nome da minha empregada -. Chamei meu amigo para sair, mas ele me ignorou completamente. Falou que ia para um lugar mais tranqüilo com a Gordelícia, digo, Janete.
Comecei a pensar no meu belo computador, no meu violão, nas músicas do Iron Maiden e em todas as coisas que poderia estar fazendo na minha aconchegante casa se não tivesse ido nesse culto ao demônio... Mas chorar sobre o leite derramado é bobagem. Pegue o pano e limpe, já diria meu pai. Hah, adivinhe só: Paulo estava doido pra correr daquele monstro, quando me chamara para ir embora. Eu lhe disse para esperar por Valério, caso contrário este iria embora sozinho para casa. Paulo insistiu comigo, e eu perguntei ao Valério se ele poderia ir embora para ajudar àquele. Valério disse que ficaria, e que iria embora sozinho sem problema algum - estávamos de Uno (uno pé e uno outro) -. Me despedi dele e fomos embora.
Já estava a sair com Paulo quando vi a rolha de vulcão correndo em nossa direção: “Paulo, você vai me levar em casa, não é?” - nisso eu já alterei ainda mais meu estado de espírito: de tão azarado, se eu abrisse uma fábrica de tênis as pessoas sofreriam uma mutação e começariam a nascer sem pés -. Paulo respondeu que sim - para completar a surpresa -.
“Minha casa é bem perto” - balbuciou o dragão de comôdo - e já foi dando o braço a Paulo. Caminhando, começamos a andar 2h da manhã. Caminhamos, caminhamos, caminhamos, e adivinhe só: caminhamos mais. Teríamos ido mais rápido se o casal de hipopótamos não parasse a cada esquina para malhar um ao outro. “Perto é aquele trem cabeludo dela”, eu pensei.
Olho ao acaso para o lado e noto algumas brasas no escuro e um cheiro doce chega às minhas narinas. Quando assusto, a coisa conversa com os maconheiros cumprimentando-os. “Que fumo”, eu pensei. Os caras nem falavam direito. Notei que a “mulher” reclamava com Paulo sobre o fato de Valério ter lhe perguntado se ela era sua mãe. A coisa ficou uma pilha de nervos, e saía levantando a saia para Paulo e perguntando: “Eu sou velha??”. Continuamos a andar.
Andamos bem umas 20 quadras, até que chegamos no covil do diabo. 3h e meia da manhã. “Tchau, Paulo” murmurou Janete.
Ela falou isso umas 3 ou 4 vezes. Claro que com o meu azar não seria só isso: cada vez que ela se despedia dele, agarrava-o mais. Daí vem o cúmulo, a gota d’água, o fim da picada, COMO QUEIRA CHAMAR ISSO, MERD*! Olho pro lado e vejo os dois transando do meu lado, ela com o vestido balançado e ele com aquele trem balançando e roçando nela..
Eu rezava em pensamento para que caísse um raio na popa dela e que os dois fossem eletrocutados, mas ninguém tem tanta sorte, ainda mais se tratando de mim. Ela era mais feia ainda gemendo. Ela notou que eu estava segurando velas, e me falou: “Não precisa ficar sobrando aí, tem espaço pra mais um aqui”. Eu falei: “Volta pro inferno, capeta!”. Ela fez uma careta pra mim - se é que é possível ela ficar mais feia -, mas se virou e continuou seu amasso. Chamei Paulo, que estava “sem capa”, e fomos embora.
“Um abraço da sua velha”, gritou a bazuca. Voltamos andando, e já perto de casa mais 5 brasas soltas no escuro jaziam tranqüilamente. Eu estava com um celular de 900 reais no bolso. Coloquei-o dentro da cueca, e apertei o passo, junto com Paulo. Os caras começaram a correr atrás de nós, até que minha casa chegou e nós subimos. Paulo dormiu aqui e me pediu desculpas.
Eu aceitei, entretanto lhe pedi a permissão para escrever o que estou a contar a vocês hoje, caros leitores. Foi por isso que pedi o humilde favor de vocês guardarem segredo, OK?
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