Capítulo 1 - Em busca de civilização
— O que ? Onde estou ? — Kruggel acordou gritando essas palavras, quando se tocou que estava sozinho, ou seja, não havia ninguém para responde-las. Olhou atentamente para todos os lados, tentando achar respostas para a bomba de perguntas que estava prestes a explodir em sua mente.
O local parecia a beira de uma montanha. Em sua frente, um campo verdejante exaltava-se por sua grande beleza. O céu azul destacava-se no horizonte, onde era possível notar o Sol nascente, que impossibilitava Kruggel olhar mais atentamente, afim de descobrir aonde se encontrava.
Tentou se levantar, mas sentiu uma tremenda dor em seu braço. Olhou para ele, e notou uma grande cicatriz. No mesmo instante, veio uma breve lembrança em sua cabeça. Recordou do incidente no bueiro. Também lembrou de um vulto vindo em sua direção e lançando uma provável magia, uma esfera de luz verde, mais precisamente. Esforçou-se para lembrar o que ocorrera depois. Se concentrou, fechou os olhos e tentou achar uma resposta para explicar o por quê de estar jogado na beira daquela montanha. Falhou, não achou resposta alguma. Provavelmente esmaecera depois daquele ser misterioso aparecer e salvar sua vida.
Vendo que não adiantava tentar lembrar o que aconteceu depois da cena no bueiro, tentou lembrar de antes. Mais uma vez, concentrou-se em suas lembranças, e tentou recordar de algo que antecedera o enigmático acontecimento no esgoto. Falhou mais uma vez. Só conseguia lembrar que estava naquele lugar procurando algo ou alguém, mas também não lembrava quem ou o que era que procurava com tanta virilidade.
Olhou para a cicatriz em seu braço novamente. Evidentemente, passara alguns dias desde que machucou o braço. Kruggel chutou uns oito dias. Mas como não sabia a data que se encontrava, e nem a data que aconteceu o incidente, não podia afirmar com toda certeza.
Na verdade, Kruggel só lembrava de seu nome. Não sabia onde morava. Não lembrava de ninguém de sua família. Não lembrava de nenhum amigo. Enfim, estava praticamente perdido. Se lembranças não viessem à sua cabeça iria ter que começar uma nova vida, praticamente.
Resolveu, por fim, levantar. Seu braço ainda doía, mas não se comparava com a dor que sofrera na latrina. Olhou em volta. Realmente era a beira de uma montanha, mas felizmente estava em um campo aberto e sem nenhum morro ou outeiro para dificultar sua caminhada em busca de uma civilização.
Kruggel resolveu caminhar para o norte. Não sabia em que lugar estava, então praticamente foi na sorte, esperando que logo seu olhos avistassem uma construção ou um colmado para pedir ajuda.
A medida que o Sol trazia consigo uma manhã fresca e glamourosa, Kruggel sentia mais necessidade de encontrar um lugarejo para encontrar uma resposta, ou simplesmente uma ajuda para ele mesmo buscar suas respostas. Mas mesmo depois de duas horas caminhando incansavelmente, sua busca não obteve êxito.
Mesmo preocupado em ter sido abandonado em um ermo, continuou a andejar em busca de pessoas. Por fim, achou um pequeno riacho para quebrar a monotonia do cenário. Notou que a água era cristalina e filtrada por algumas fragas, portanto, potável. Não hesitou e bebeu um pouco d'água. Andou a manhã inteira e o dia já estava na metade. Com certeza merecia um pouco de água para se refrescar e matar sua sede.
Depois de se deliciar com água, resolveu seguir a correnteza, já que o levaria para um lugar mais baixo, onde possivelmente haveria civilização.
Caminhou por mais uma hora e não achou nenhum sinal de vida naquela várzea. Começou a perder as esperanças e pensar em acampar por ali mesmo. Já estava começando a se cansar. Andara cinco horas e não achou nada. Mas no meio de sua decisão se pararia por ali e continuaria no outro dia, avistou uma macieira. Sem pensar duas vezes apanhou uma maçã e comeu com muito gosto. Não sabia a quanto tempo estava em jejum, só sabia que estava morrendo de fome. Ficou ali comendo até satisfazer-se, e pegou mais duas maçãs para mais tarde.
Aquele achado motivou-o a continuar andando por mais algumas horas. "Se eu não achar nada até o entardecer, paro e continuo amanhã." Pensou consigo mesmo.
Mas enfim, depois de horas caminhando sob o Sol que esquentava cada vez mais, achou uma pequena placa de madeira apontando para o Leste. Nela estava escrito: "Para o vilarejo."
Kruggel ficou muito feliz pelo novo achado. Finalmente iria encontrar um vilarejo, se localizar, e partir em busca de respostas para suas várias perguntas. Sem hesitar, seguiu para o Leste.
Marchou por alguns minutos até avistar um muro e algumas construções mais altas. Por cima deste muro, passava um tipo de ponte feita de madeira. Para subir nesta ponte, era necessário subir um lance de escadas. Kruggel juntou toda sua esperança e subiu sem vacilar.
Assim que as escadas terminaram, Kruggel notou que elas realmente levavam para a ponte que separava o vale do vilarejo. Observou em sua volta e logo viu um homem segurando uma lança e um grande escudo, ambos com quase dois metros.
— Olá meu caro jovem. Bem vindo a Rookgaard ! — Disse o homem com um largo sorriso no rosto, evidentemente se dirigindo para Kruggel com a mão esquerda estendida, pronto para cumprimentá-lo.