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Rhizód conseguiu o que queria. Lug seria julgado após os rituais fúnebres de seus quatro companheiros. O júri seria composto pelos cinco membros do Conselho, pelo Chefe e por dois Druidas. A defesa caberia ao próprio acusado podendo este ser auxiliado por alguém, se assim quisesse. No dia do funeral, Lug seria comunicado e, dali em dez dias, julgado. Este foi o acordo feito entre as autoridades de Othialla.
Passaram-se três dias após o grande almoço e um emissário de Rhizód Frinneqa bateu à porta da família Mariel. Foi Lug quem o recebeu, sendo a este entregue uma carta com o brasão da cidade e as iniciais “R.F.”. Lug despediu-se do emissário, desejando-lhe um bom dia e leu a carta com os seguintes dizeres:
“A Administração de Othialla e o Conselho dos Druidas convidam Vossa Senhoria e seus familiares a comparecerem às homenagens póstumas aos bravos pescadores Themis Ddebat, Loan Fyysz, Gánor de Thûum e Skarl Vórin, que foram acolhidos por Fyyr durante uma viagem ao mar. A cerimônia será no trigésimo quinto dia de nosso calendário, no momento em que o sol estiver despedindo-se. O local será no Altar da Árvore Verde, próximo ao Farol.”
“É amanhã...” – Pensou Lug.
No dia seguinte, Lug acordou um tanto indisposto. Shirà ficou preocupada com o marido. Será que sua comida não lhe havia feito bem? Lug, porém, estava com um mau pressentimento. Estava com um gosto metálico na boca, que lembrava aquele que sentia nos primeiros momentos de sua volta à Othialla. Preferiu não dizer nada a sua esposa. No almoço, limitou-se a comer uma sopa de legumes. Com o alimento, sentiu-se mais forte. Preferiu, no entanto, não ir ao ritual fúnebre dos amigos. Talvez fosse até isso que estivesse o deixando naquele estado. Pediu então a Shirà que ela fosse sozinha, representando a Casa Mariel, e prestasse as homenagens às famílias.
Na hora determinada, havia muitas pessoas em frente ao Altar da Árvore Verde, que ficava ao pé de um grande carvalho em um campo aberto próximo ao farol. No ponto mais alto, em volta do altar, estavam três druidas, os cinco membros do Conselho, sentados e o Chefe Frinneqa. O ritual fúnebre teve início no cair da tarde, com cânticos tristes entoados pelos druidas enquanto estes queimavam ervas e sais aromáticos em reverência a Fyyr. Muitas pessoas acompanhavam a cantoria. Em seguida teve início um sermão, proferido pelo druida hierarquicamente superior, um senhor de cabelos brancos longos e escassos e de nariz proeminente. Olhando por cima dos presentes, começou sua fala, dirigida ao mar. Foi quando, de súbito, o Chefe e alguns membros do Conselho levantaram-se, surpresos, interrompendo o druida.
Lug Mariel caminhava em direção ao altar. Passou pelas pessoas com a majestade e o olhar de um Imperador. Havia nele uma estranha prepotência; uma autoridade incomum. Fez-se um grande silêncio. Por um momento, ele olhou para a platéia. Com uma voz rouca, começou, então a esbravejar em uma língua gutural, jamais ouvida até então:
"Pranach reichnech natram, calom lo kedalal preavh ghadneh! Rhadarash ne, tel kom otsat da preach reach, o calom. Da, vamorh ghomei o lo kedalal, songoeol preavh nes ramiun te kedor, te alam, te kedor. Irnetch e reach o dasam vasanath e reach lo ghumak cudiaraisu, nes o natram iccheindor... Nes lo ine: GI LE FARG!!!!!" Após pronunciar essas palavras, Lug desmaiou.
O que se seguiu ficaria para sempre na memória das pessoas. Veio do sul. Veio do mar. Primeiro, começou distante, mas foi ficando mais alto, mais próximo e varreu a cidade. Uma gargalhada macabra e demente, de alguma mulher demoníaca; talvez alguma alma atormentada... Não há na cidade quem não tenha ouvido e a reação de todos foi a mesma: um frio glacial que percorreu a espinha e uma sensação inexplicável de pavor.
Uma lágrima caiu do olho do velho druida que discursava. Quem estava próximo a ele pôde ouvi-lo resmungar:
"Estamos perdidos. A Maldição caiu sobre nós... Que Fýyr nos ajude!"
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Nomes que aparecem nesse capítulo:
- Themis Ddebat;
- Loan Fyysz;
- Gánor de Thûum;
- Skarl Vórin: os quatro pescadores que partiram com Lug Mariel e sumiram no mar.
@Kenseiden: Obrigado pelo comentário. Foi mal os nomes esquisitos mas... Sei lá, acho que fica mais plausível assim. =P
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okok brinks véi

