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O barco de Lug fez um barulho seco ao chocar-se lentamente com os recifes. Um vento apagou a chama na lamparina que ficava pendurada na proa do barco. Lome não se conteve e subiu nas pedras úmidas para ver o momento exato em que seu tio sairia da embarcação. Notou um movimento na parte interna. Uma pequena porta se abriu e Lug deu um passo para fora da cabine. Aparentemente sem ainda notar a garota, desceu por uma escada rudimentar feita de cordas e pisou nas pedras. Estava murmurando algo incompreensível.
- Titio? Lome se antecipou.
Surpreso, Lug grunhiu algum som mais alto, virou-se e, vendo sua sobrinha ali na praia, sorriu. Aproximou-se da garota, que já o fitava de forma apreensiva. Abaixou, olhou-a bem nos olhos. A essa altura, Lome estava estática, paralisada como uma estátua de mármore. A aparência de Lug era a pior possível. Parecia um náufrago? Não... Sabia-se lá com o quê ele estava parecendo. A menina tentou mostrar-se indiferente, talvez com medo de ofender o tio. Mas este continuava murmurando algo por entre os dentes (o que já estava deixando a garota irritada) e foi acariciar a sobrinha. Lome sentiu um dedo gelado e úmido; um toque levemente anfíbio roçar-lhe a orelha no momento em que a voz estranhamente rouca de Lug pronunciou algo que pelo resto de sua vida iria ecoar em sua memória: “Gi... Le... Farg... ....” Ao ouvir isso, Lome não se conteve e gritou, correndo apavorada em direção à sua casa.
Abraçada à sua filha Lome, Mylla olhava o céu lá fora, através da janela e a ampulheta que indicava terem passado umas duas horas desde que o Tenner e a Shirà foram ao farol em busca de Lug. Pouco depois, a porta se abriu e os dois estavam de volta. Tenner contou a Mylla que Lug não estava na praia. E não havia sinal dele pela areia. Shirà ficou quieta num canto, pensativa. Aquele barco... Era sem dúvida o barco de Lug. Mas estava em um estado deplorável, como se estivesse abandonado há anos. A notícia de que Lug não havia sido encontrado, deixou Lome ainda mais assustada. Percebendo isso, Tenner resolveu que todos dormiriam juntos ali na sala, naquele fim de noite. Pela manhã sairiam atrás de Lug. Shirà cantou uma doce canção de ninar para a sobrinha. Tenner ficou apreensivo em uma cadeira perto da porta enquanto Lome dormiu sobre uma grande bancada coberta com tecidos macios, junto com Mylla e Shirà. Tenner sentiu-se um tanto infantil naquela situação, mas a verdade é que o medo de Lome contagiou a todos.
Seguiu-se uma manhã fria, envolta por uma névoa espessa e úmida, contrastando com o límpido céu da noite anterior. Enquanto passantes curiosos se amontoavam perto da estátua de Gánor es Othialla, na Praça Central, um homem se dirigia apressado à casa dos Mines Mariel. “Espero que eles saibam onde está a Shirà...”
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@Thomazml (tardiamente): Cara! Ainda bem que você viu a parada dos peixes. Realmente, eu alonguei muito a viagem "normal" pra uma época em que não havia forte comércio. Hum... tentei melhorar explicando que os arenques viviam afastados da costa? Bom receber comentários assim porque às vezes, quem escreve se empolga e não enxerga essas coisas óbvias.
@Sadu Zefenazar Obrigado pelo comentário e por estar acompanhando.
(Sem nomes novos e bizarros nesse capítrulo! HOORAYYYY!!!!!! :yelrotflm)
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