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Tópico: A Cadeira de Cristal

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  1. #1
    Avatar de Manteiga
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    Olá caríssimos (novos?) companheiros do Literatura. Aos que vierem a ver este post entes de ler o contexto do tópico, vou esclarecer: Este tópico refere-se a uma história criada por mim referente ao jogo Tibia, e por opção pedi que fosse movida do Histórias para cá. É um tanto estranho, mas conforme o novo sistema do forum achei que este se enquadrar melhor aqui do que na área de roleplay. Quem não gosta do jogo e de nada ligado a este, simplesmente não entre. Ficarei feliz em retomar as postagens para um grupo que se sinta interessado.

    Capítulo Treze
    Um Capricho dos Deuses


    Aquela era sem dúvida alguma a situação mais improvável que Angela vivera nos últimos dois meses. Estava parada no meio do cubículo de pedra aonde fora enfiada – chamavam de Cela de Contenção Máxima – com um homem completamente estranho em pé apenas uns dois metros à sua frente. Segurava o livro negro com uma força descomunal, como se acreditasse que ele surtiria algum efeito. Ela, por sua vez, estava com a palma da mão esquerda apontada diretamente para ele, sentindo a energia pulsar pelos seus dedos. Segundo fora lhe dito – e confirmado por ela mesma posteriormente, diga-se de passagem – a sala era encantada com uma espécie de barreira contra-feitiços, o que impossibilitava que ela explodisse as paredes, por exemplo. Mas esqueceram-se de um detalhe muito interessante. Ainda posso estourar os miolos de quem entrar. Era uma medida muito efetiva numa situação como aquela. Tudo que tinha a fazer era chantagear o sujeito até que conseguisse sair dali. Mas algo lhe dizia que não seria uma tarefa tão simples assim. O homem dos cabelos cor de ouro a encarava com uma fúria animal. Ele parecia ter uma vontade astronômica de impedir seus planos.

    - Eu não temo a morte, bruxa. Pode fazer o que quiser comigo. Jamais conseguirá sair daqui. – Disse ele, fuzilando-a com seus malditos olhos. Estava levemente curvado e Angela tinha a péssima impressão de que ele tinha a pretensão de levar a mão livre até a bainha e sacar a espada. – Ainda que passe pelo meu corpo sem vida, há outros guardas neste ambiente.
    - Se eu matar um, posso matar todos. – Disse ela com simplicidade. Ela detestaria tomar uma atitude como aquela, mas se não tivesse escolhe, não hesitaria. Ela precisava sair daquele lugar, e rápido. Se demorasse mais um dia sequer, sabia que todo o trabalho que tivera nos últimos dois meses seria em vão. Já foi gasto tempo demais com trivialidades. Ela suspirou e encarou o homem diretamente à sua frente. Tinha duas opções para tentar passar. A primeira, relativamente mais simples, era jogar uma bola de fogo nele, sair calmamente pela porta, explodir a parede mais próxima e sumir antes que os guardas a achassem. A outra opção consistia em tentar persuadir o homem a acreditar nela e ajudá-la a sair. Improvável que dê certo, mas é o que prefiro fazer. Ela começou a falar sem tirar os olhos dele. – Escute. Eu sei que será muitíssimo difícil de acreditar nas palavras que irei proferir neste momento, mas você deve ouvir-me.
    Ele seque piscou. Angela interpretou aquilo como uma concessão, mas ainda assim gostaria muito de saber o que se passava na mente dele. Prosseguiu.
    - Quando eu cheguei aqui, algum tempo atrás, estava sedenta por ajuda. Havia passado por alguns momentos desagradáveis e precisava urgentemente me recompor, pois eu ainda tinha uma longa viagem a fazer. Pois bem. Fui muito bem tratada por seus homens, até que um deles resolveu me interrogar. Digamos que ele foi um pouco... Hostil. Minha única opção foi reagir à altura, e então...
    - Você assassinou-o sem dó nem piedade. – Completou Apollo, com sua voz forte ecoando pela sala. Havia um rancor claro em sua fala que fez Angela arquear uma das sobrancelhas.

    - Não foi bem assim. Não se pode assassinar o que não está vivo. – Ela disse com uma entonação de obviedade. O homem soltou uma gargalhada forçada altíssima, que ela tinha a impressão de ter durado eternidades. Ele encarou-a com mais força ainda, e ela sentiu-se despida pelos seus olhos. Quanta energia em um olhar. Quando ele falou, as palavras saíram agressivas, como se ele pretendesse desarmá-la pela fala.
    - Você acha que vou cair em uma explicação tão sem fundamento? Que coisa mais ridícula é essa? Wattson estava vivo sim, eu o vi antes de morrer! Eu falei com ele, eu perguntei sobre sua mulher, ou melhor, sobre sua viúva! – Ele estava gritando. – E ele me disse que tudo estava bem. Disse que ia lhe fazer umas perguntas de rotina e ir pra casa. E eu o vi entrando na maldita sala para fazer a porcaria da última coisa que faria na vida! – Ele fez uma pausa alonga na qual tomou o máximo de ar que pode. – Eu tentei ser compreensivo o máximo que pude até hoje. Eu tentei fazer eles te manterem com o mínimo de luxo possível. Eu tentei acreditar que foi uma reação involuntária sua, eu juro que tentei. Eu juro pelos deuses que eu não quis me precipitar. Mas quando eu vi este maldito livro, quando li o que estava escrito aqui.... Eu simplesmente não pude mais agüentar. E eu vim até aqui para acabar com esta história, para saber toda a verdade. E o que você me fala? Uma maldita de uma história de bêbado!

    Ela respirou fundo, parecendo pouco surpresa com as palavras fortes de Apollo. Eu não esperava que fosse fácil, de qualquer maneira. Mas teve de admitir que era muito estranho. Pelo que ouvira os guardas comentarem pelos corredores, a morte de Wattson não tivera a repercussão que merecia. Esperou que o silêncio reinasse absoluto e voltou a falar. Nenhum dos dois movia o olhar.
    - Ele não estava vivo. – Apollo fez menção de gritar alguma coisa, mas Angela não deu tempo para respostas. – Você viu sangue na sala depois que acharam o corpo? Você viu uma mísera gotícula de um maldito sangue em qualquer parte daquele ambiente, do corpo dele ou das minhas vestes? Eu mesma lhe respondo. Você não viu. E sabe por que não? Porque não nada. Ele não sangrou. E ele não sangrou porque não tinha sangue para perder.
    Ele encarou-a abismado. Era um fato que não fora achado qualquer resíduo sanguíneo na cena do crime, e isso o surpreendera muito quando o encontraram. Ele possuía alguns ferimentos em algumas partes do corpo, alguns superficiais, outros profundos, e nenhum deles tivera a mínima quantia de sangue. Na época fora dito que como os ferimentos eram mágicos eles não sangrariam, mas Apollo sabia que não podia ser a única explicação racional. Desfez sua posição de quase-ataque e encarou-a longamente, invadindo seus olhos. Não pôde ver nada além de névoa neles. Mas... Como ela pode dizer que ele não estava vivo? Angela pareceu compreender a confusão do outro, pois logo retomou sua ladainha:
    - Eu passei os últimos dois meses investigando uma colônia do Pentágono localizada perto de Northport. Descobri muitas coisas interessantíssimas enquanto estive lá. Mas a mais chocante de todas elas foi a última coisa que fiquei sabendo. Os necromantes servos de Yöer parecem ter desenvolvido a mórbida capacidade de... De manipular os mortos. – Ela fez uma pausa na qual uma expressão atônita formou-se na face de Apollo. – Usaram algum tipo de magia negra para fazê-los os servirem. Não é a mesma coisa que com as caveiras ou o resto das tropas. É uma magia estranha capaz de guardar a memória do morto. É como uma ressurreição. Tive muito trabalho para descobrir que eles estão matando agentes da Unie na encolha e os possuindo com esta magia para os infiltrar de novo como se nada tivesse acontecido. O que pretendem com isso? Estava prestes a descobrir quando tive que fugir para cá. E me deparei com a prova das minhas incursões. Wattson era um impostor.

    Apollo largou o livro, que caiu com um baque no chão, erguendo uma pequena quantia de poeira. Jamais acreditaria naquilo se não tivesse visto tudo o que viu. O corpo de Wattson estirado no chão, sem qualquer sinal de sangue. Os cortes nos braços, os profundos ferimentos no peito resultados de magia. E nada. Ele devia ter suspeitado. Caveiras não sangram. Perguntou-se a quanto tempo aquilo acontecia. Perguntou-se se Wattson já era um servo das trevas quando sue filho mais novo nascera alguns dias antes de sua morte. Pegou-se surpreso acreditando nas palavras da bruxa. Era irracional. Era impossível. Era inaceitável. Era verdade. Algo dentro dele dizia que era. Era como se alguma força maior o fizesse acreditar. Era como se aquela mulher de laranja tivesse algum poder de persuasão maior que a própria razão. Naquele momento, parecia impossível discordar daquela informação. Pelo menos para ele. Mas então veio a dúvida. E se ela for um deles? E se ela estiver apenas fazendo um joguinho?

    - Não posso acreditar em você! – Bradou, levando as mãos ao cabo da espada e sacando-a com vigor. Um tilintar metálico foi ouvido quando a arma surgiu entre ambos. – Está me enganado apenas para sair daqui e fazer sabe-se lá o que!
    - Cale a boca! Se eu quisesse sair tanto assim eu já teria matado você e saído. O que eu teria a perder se eu fosse uma necromante de Yöer? Aliás, se eu fosse uma serva de Catura, pode ter certeza que eu teria destruído esse prédio assim que cheguei a ele. Vamos, homem! Você sabe que não há lógica nisso tudo!
    - E o livro? Como você tinha o maldito livro? – Disse Apollo indicando o tomo caído ao chão. Ela suspirou longamente.
    - Fruto da curiosidade de uma bruxa. Vai me condenar agora é? – Ela parou e recolheu sua mão. O fluxo de energia cessou. – Vamos parar com essa palhaçada. Eu preciso entregar esta informação a alguém muito importante que está em Thais, mas eu não posso fazer isso se estiver presa aqui dentro. Saia da frente e me deixe ir.
    Apollo não moveu-se um centímetro sequer.
    - Não há garantias. Você pode ter recebido a missão de coletar informações. Agora que gastou tempo suficiente aqui pode muito bem acabar com seu teatrinho. Eu não posso acreditar em você! Ninguém pode provar que você está do nosso lado!
    - Ah! Quer saber? Cansei de brincar! – Ela encarou-o tenebrosamente e concentrou sua energia nas artérias, de modo que fosse espalhada para todo o corpo. Pronunciou as palavras mágicas quase que imediatamente. – Utana Vid!

    Apollo assistiu aterrorizado o corpo da mulher desaparecer por inteiro. Piscou umas três vezes para ter certeza do que vira. Ela... Sumiu! Esquecera-se por completo de que ela ainda podia executar feitiçarias contra si mesma ali dentro. Estava pronto para baixar a guarda quando ouviu um som muito semelhante ao de um pé sendo arrastado. O barulho repetiu-se mais algumas vezes. Seu coração acelerou quando ele finalmente compreendeu o que havia acontecido de fato. Ela ficou invisível. E parecia que ela havia adquirido o poder de ler mentes também, pois, logo depois de receber aquela revelação, Apollo foi atingido na cabeça por alguma coisa dura que o fez urrar e soltar a espada, que caiu pesadamente no chão. Sentiu a dor latejante invadi-lo bem quando a bruxa reapareceu às suas costas, colocando um sapato de casca de coco de volta no pé. Ela deu uma piscadela e murmurou um pedido de desculpas, abrindo a porta e deixando a claridade penetrar na sala. Jogou-se para fora do cômodo bem no momento que passos rápidos brotavam pelo corredor de pedra. Apollo ergueu os olhos para o ambiente externo e viu Perseu chegar correndo, gritando alguma coisa ininteligível. Ele mal percebeu que um filete de sangue escorria entre seus cabelos louros, pois, o que se deu em seguida foi completamente inesperado e difícil de digerir. Angela, talvez por reflexo, havia gritado alguma palavra mágica e apontado a mão na direção do outro guarda. Uma grande bola de fogo foi arremessada, atingindo em cheio o braço direito nu do oficial. Houve a explosão, o grito de dor de Perseu, o berro de surpresa de Angela e a hedionda cena que se seguiu. O membro superior do amigo de Apollo. Rodopiando, inerte, pelo corredor, até chocar-se com a parede mais próxima.

    O homem caiu no chão, levando a mão esquerda ao que restara do outro braço. Urrava de dor e as lágrimas brotavam de seus olhos. Mas o que de fato destruiu Apollo naquele momento não foi ver a dor do amigo. Foi constatar que não caía sequer uma gota de sangue do ferimento de Perseu.
    Nada a dizer a respeito.

    Manteiga.

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    Última edição por Manteiga; 10-05-2010 às 14:45.
    Dezesseis anos depois, estamos em paz.

  2. #2
    Avatar de Emanoel
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    Acho difícil novos leitores se interessarem por grandes histórias tibianas em andamento, mas nada impede que os antigos compareçam, então provavelmente ficaremos na mesma quanto a esse quesito.

    Alguns meses se passaram e admito ter esquecido os detalhes. Eu achei os diálogos críveis, bem cadenciados, e apesar do contexto ser mágico-aventuresco demais para me agradar, até que prendeu a atenção. Sendo sincero, mesmo quando o capítulo é legal, raramente sinto vontade de retornar para o próximo. Ainda não tenho certeza se é um problema pessoal ou se o erro consiste em prolongar demais as histórias, mas ei, seu tópico, sua criatividade, sua decisão.

    Falous.

  3. #3
    Avatar de Kysz
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    Citação Postado originalmente por Emanoel Ver Post
    Acho difícil novos leitores se interessarem por grandes histórias tibianas em andamento, mas nada impede que os antigos compareçam, então provavelmente ficaremos na mesma quanto a esse quesito.

    Alguns meses se passaram e admito ter esquecido os detalhes. Eu achei os diálogos críveis, bem cadenciados, e apesar do contexto ser mágico-aventuresco demais para me agradar, até que prendeu a atenção. Sendo sincero, mesmo quando o capítulo é legal, raramente sinto vontade de retornar para o próximo. Ainda não tenho certeza se é um problema pessoal ou se o erro consiste em prolongar demais as histórias, mas ei, seu tópico, sua criatividade, sua decisão.

    Falous.
    eu acabei de ver o topico e ler o primeiro capitulo
    vou continuar amanha assim q tiver tempo
    me interessei muito sim, e pretendo ler e acompanhar até o fim
    e acho q o problema de n ter vontade de ler o proximo capitulo é seu sim
    pois eu mesmo quando li um ja fiquei com muita vontade de ler o próximo
    ~~http://anacromico.tumblr.com/~~
    Side Winder ~~ Bons tempos :>
    Pew Pew Pew

  4. #4
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    Impossível.



    Posso estar parecendo puxa-saco, wannabe, ou qualquer outra coisa gay, mas...







    ...INCRÍVEL, ÉPICO.Como disse disse num outro tópico, quero fazer uma narração e detalhes como o seu em minha obra(bom, desistir, por enquanto, da saga original, e principal que era a de Vanor, agora estou tentando fazer uma boa narração na genêsis, cujo é complexa, e longa)

    Mas voltando ao assunto, antes do fim do livro.O quê foi na "vitória" de Angela, antes de tu proferir a Wyda, eu pensei que ela era o receptáculo ou retorno de Tibiasula, ainda tenho esperanças...Mas se for verdade isso, tem três coisas a dizer:

    1- eu sou foda.
    2- dei um spoiler foda, o quê estragaria sua historia.
    3- você é foda.

    Mas mesmo assim, sua historia é foda.


    Flw's



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