Aventura em Fibula
Zuranno
E lá estava eu, sentado e recostado na parede de nosso quartel-general, na ilha de Fibula. Meu bastão estava apoiado no chão e sua cabeça de mamute na parede, meu escudo jazia aos seus pés.Em minha mão, eu segurava uma coxa de carne de urso, que eu mesmo havia caçado, e ao meu lado uma caneca de cerveja do bar Flagoon’s Landing, onde trabalho.
Ao meu lado meu amigo Atanvaron bebericava lentamente uma caneca de vinho, enquanto observava o pôr-do-sol e ouvia os primeiros uivares de lobos que saem à noite para caçar.
-Aahhh! – exclamei - Adoro a ilha de Fibula, mas por aqui não há muitos monstros. Tenho sempre que ir até Thais para treinar.
-Ah!Você se engana meu amigo – retrucou Atanvaron, tirando uma chave de madeira do bolso e me mostrando - Isso é o nosso passaporte da aventura em Fibula.
-... Uma chave de madeira?- eu respondi coçando a minha longa barba branca.
-A chave da caverna de Fibula. Venha-disse puxando-me meu amigo - Vamos dar uma olhada.
-Certo - disse-me levantando, bocejando e agarrando minhas coisas.
Caminhamos e passamos perto do bar, indo para a vila de Fibula, pequena, mas que eu, particularmente, sempre achei muito simpática.
Após cumprimentarmos Eddy, o decorador da vila (que estava vendendo uma caixa enorme pra um senhor), Atanvaron parou perto de um poço e me disse:
-É aí embaixo. Segure a corda e desça.
-Aí?
-Isso. Vai logo!
Meio desconfiado, desci. Lá embaixo do poço, a corda terminava e uma escada começava, apoiada nas paredes do poço que, surpreendentemente, acabavam.Desci mais, mergulhando na escuridão.
Surpreendentemente, não havia água no fundo, mas sim terra, que era iluminada com a fraca luz que havia lá em cima. O resto do lugar estava num breu.
-Utevo gran lux – eu disse, e magicamente, o lugar em volta de mim iluminou-se. – Atan, parece que é uma caverna mesmo!
-Claro! Não confia em mim, Zuranno? – respondeu descendo e abandonando a escada.
Entrou na luz então uma aranha. Maior que as comuns, com um tom laranja e manchas verdes no corpo.Seus muitos olhos brilharam refletindo a luz.
-... Vim aqui pra isso? – eu disse, apontando meu bastão para a aranha.
Um jorro de luz gélida azul saiu da ponta da tromba do mamute em meu bastão, acertou a aranha no rosto, que bateu contra a parede de terra da caverna e se abriu, soltando seu sangue verde.
-Isso é o começo, o começo. Paciência cara!
Continuamos adiante, e mais três aranhas tombaram aos nossos pés.
Passamos num riozinho dentro da caverna, e paramos numa construção antiga, com uma porta de madeira. Atanvaron introduziu a chave na fechadura e destrancou a porta, abrindo-a.
Entrei, e vi duas estatuas surpreendentes, de duas criaturas que pareciam dragões.
Descemos uma escada, e Atanvaron também iluminou o ambiente com a mesma magia que usei anteriormente. Quando descemos, haviam várias portas e esqueletos pelo chão.Um corpo aparentemente morto recentemente jazia ao meu lado esquerdo.
-Parece que aqui sim teremos um pouco de ação!-disse
-Venha cá Zuranno.
Atan abriu a porta ao sul. Entrei e continuamos por um corredor de terá e pedras estreito.
Quando o corredor se abriu, vi duas escadas levando para o andar inferior, uma de meu lado direito e outra do lado esquerdo. Uma muretinha de madeira estava à minha frente.Coloquei minha mão sobre a madeira e apoiei meu bastão no chão.Meu escudo preso em minhas, olhava tudo ao redor com seu olho, acredito.
Não conseguia acreditar, ali embaixo, uma cidade destruída e em chamas na minha frente, esqueletos brancos e um vermelho andavam por ali, aparentemente sem notar nossa presença. Ao longe, uma grande bola verde cheia de tentáculos se embrenhava numa casa.Ouvi sua voz gritando, aparentemente contente:
-Olho por olho!
-E aí Zuranno – disse Atanvaron – acredita que esse lugar é aventura suficiente para você?
-Estamos dentro de um poço... – foi tudo que respondi
-Vê aquele esqueleto vermelho? São os temíveis Esqueletos Demônios, muito fortes. Se algo der errado, corra como nunca.Vamos?
-Vamos... Utamo Vita – eu disse, e faíscas azuis saltaram do meu corpo, mas aparentemente nada acontecera.
Descendo a escada, quatro esqueletos nos viram a uns 5 metros dali e vieram para nosso lado.
Em conjunto, eu e Atanvaron dissemos, olhando para eles:
-Exevo Frigo Hur! – E de nossas mãos uma enorme tempestade de granizo engolfou e desmontou facilmente os esqueletos.
-Molinho, molinho! – riu Atanvaron
-Er... Atan?
-Que foi?
-Aquele cara ali parece que não é tão fácil não!
-Que? – disse ele, mas antes que pudesse responder um jorro de luz verde o atingiu de lado, derrubando-o contra a parede.
A aparentemente inocente “bola verde” vinha para cima de nós. Em seus 4 tentáculos, haviam 4 olhos, e mais um enorme olho no centro.Disse apenas, com um som que mais parecia uma risada:
-Deixe-me dar uma olhada em você!
Eu retirei meu escudo e atingi seu corpo perto do olho com mais um jato de luz gélida. Um dos olhos fez uma expressão de dor, mas ele avançou e soltou mais um jato de luz verde.O jato parou a centímetros do meu corpo e desfez-se em luz azul, deixando o Beholder aparentemente surpreso.
Apesar de conter aquela magia ter consumido bastante minhas energias, gritei enquanto usava meu bastão mais uma vez:
-Exevo Frigo Hur!
-Exevo Frigo Hur!
O monstro foi engolfado como os esqueletos em duas tempestades de gelo, enquanto Atanvaron ajudava em meu ataque.
No meio do gelo, a magia do meu bastão acertou o centro do olho do Beholder, que gritou e caiu morto no chão, com seus olhos caídos para fora envoltos em sangue verde.
-Atanvaron, você está bem? – perguntei
-Claro. Eu deixei que você o matasse. – ele disse
- Oh, sim, obrigado. – eu disse com ironia, aparentemente não percebida por ele.
- Oh, veja! Um dos olhos do Beholder pode ser aproveitado! – disse ele remexendo a sujeira e arrancando (senti náuseas quando ele fez isso) um olho do Beholder e me entregando.
-Guarde. É caro. – ele disse
- Errr... Tudo bem – disse-lhe com cara de nojo. Eu envolvi o olho num pano e guardei na minha mochila, tendo o cuidado de afasta-lo de minha comida.
- Epa! Esqueleto demônio – disse Atan. Ao longe, um esqueleto com os buracos oculares soltando fumaça vermelha, e seus ossos mais vermelhos que sangue, vinha em nossa direção relativamente rápido. – Suba a escada e observe um mestre em ação.
- Tudo bem.
Subi e fiquei observando a luta.
Atanvaron gritou “Eivo Frigo Hur!” novamente, pois esse é um dos poucos feitiços ofensivos que nós dispúnhamos no momento, e acertando a mão do esqueleto com seu bastão. Ele apontou uma runa de Grande Bola de Fogo e tudo em sua volta explodiu, mas o esqueleto não fora avariado, aparentemente.
O esqueleto acertou a perna de Atanvaron com um chute, e ele gritou de dor. O esqueleto então usou uma magia negra ( literalmente, era uma luz negra ) e antes que acertasse Atanvaron ele gritou “Utamo Vita!” e novamente o feitiço desfez-se em luz azul.Então Atanvaron disse num tom de voz baixo, mas que eu consegui ouvir “Exura Gran” e seus ferimentos desapareceram.
Ao contrário do Beholder, o esqueleto não deu atenção a esse fato e esmurrou com força aparentemente incomum para um esqueleto, o rosto de Atanvaron, que caiu no chão. O esqueleto foi pisar sobre ele, mas ele defendeu com seu escudo, feito pelos anões de Kazordoon, e derrubou o esqueleto no chão. Ele se levantou e pude ver um filete de sangue no canto de sua boca, que ele limpou com sua mão.
Com o esqueleto sob seus pés, Atanvaron cravou a ponta de seu bastão no crânio do esqueleto. Um estouro de luz vermelha cegou-me, e quando olhei novamente o esqueleto estava em mil pedaços no chão, e Atanvaron, com ferimentos no corpo, cantava vitória.
-Certo – disse ele quando o ajudei a subir a escada – Chega por hoje Zuranno. Esse esqueleto aí não foi fácil não.
-Mas você não é o mestre, Atan? – brinquei
-Hahaha. Vamos embora tomar uns drinques no bar e voltar.Teremos reunião com o Prince Nuada hoje, esqueceu?
-Hehe, vamos então. Chega de esqueletos por hoje, disse eu retirando o olho de Beholder da mochila e estudando-o, enquanto nos dirigíamos para a saída.
Pude jurar que aquele olho piscou para mim.
FIM







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