Uma surpresa diferente
Meltoh
Mais um dia de colheita para os fazendeiros de Kronan. O sol nascia e os muitos empregados chegavam nas plantações com ferramentas em punho, prontos para mais uma manhã suada de trabalho. O dono da fazenda, Joel, havia percebido que faltava um funcionário. Apenas um. Vestiu-se com seu habitual casaco. Não faria isso por ninguém, mas abriu uma exceção, tinha seus motivos. Não havia ninguém mais divertido e trabalhador como ele naquelas terras próximas.
Joel entrou no seu velho carrinho e pôs-se a seguir a estrada de terra rumo à cidade grande. Encontrou no caminho seu empregado, Marcos, que estava com outros dois homens. Apressou-se a sair do veículo e a falar com ele:
-O que está acontecendo aqui? Quem são esses homens, Marcos?
Marcos tentou fazer um sinal para Joel, mas um dos homens percebeu e o cutucou.
-Tarde demais - Joel escutou a voz grossa de um dos homens. Eram dois. O maior tinha dois metros de altura e uma cara de poucos amigos. O outro tinha somente um metro e setenta, porém estava armado com uma espada curvada, presa nas costas - Você vem conosco - disse o menor agarrando-o pelo braço e arrastando-o pelo matagal em direção à um outro carro. Logo o veículo saiu em disparada pela estrada de terra
Marcos se sentiu inútil, porque aquela pessoa estava fazendo aquilo tudo? Viu o carro de Joel parado no meio da pista. Pensou em avisar alguém, mas estava distante da civilização. Revistou o carro do chefe e encontrou um kit de primeiros socorros no porta-malas. Também encontrou uma pistola.
Sentou no banco do motorista e pisou fundo no acelerador. Conhecia o chefe daqueles homens melhor do que ninguém. Correu por dois quilômetros até entrar numa trilha de terra que ia pela esquerda. Diminuiu a velocidade e desligou o carro. Apanhou a pistola e foi avançando pela vegetação seca. Logo encontrou uma cabana aparentemente abandonada. Na porta o gigante de dois metros apoiado num imenso tacape de madeira, olhava para o vazio. Marcos olhou para a pistola, não pretendia atirar em ninguém. Estava ali para emergências. Deu à volta pelo perímetro da cabana e por uma de suas janelas viu Joel amarrado e outra pessoa muito conhecida de Marcos, que brincava com uma moeda por entre os dedos.
Enquanto circulava o perímetro à procura de uma passagem alternativa, encontrou um galho seco, apanhou umas quatro pedras e se aproximou de uma janela lateral. Essa janela dava de frente para Joel e mostrava as costas do líder do grupo. Porém sentia a falta do homem da espada. Essa era a preocupação de Marcos. Enquanto estava na parede, olhou de fininho pelo canto da janela e seus olhos encontraram o de Joel. Este soube disfarçar bem e imediatamente olhou novamente para uma velha mesa.
Marcos interpretou aquilo como um sinal e sacou duas pedras. Quando tirou a segunda do bolso foi surpreendido por um toque no braço esquerdo. Segurou o grito de surpresa e virou-se para ver o grandalhão de dois metros de altura brandir o tacape. Marcos esquivou-se e começou a correr em direção à vegetação seca. A porta da cabana se abriu e o líder do bando, Onin, apareceu com uma pistola em punho. Marcos rolou pelo chão e sacou a pistola apontando para Onin. O grandalhão parou de correr e olhou de Marcos para o líder.
-O que você acha que está fazendo, garoto? - perguntou Onin sem tirar os olhos de Marcos.
-Não sabia até que ponto você chegaria - respondeu ele - não sabia que era tão ganancioso assim.
-Haha, e o que você sabe sobre isso? Bom... Não importa. Eu sei que você não teria coragem de atirar no seu velho amigo, teria?
-Não me chame de amigo - disse Marcos com os dentes cerrados. Seus joelhos tremiam. Estava esquecendo de algo. Estava, até sentir uma pancada leve nas costas. Era o homem da espada. Marcos pegou o velho pedaço de madeira e desarmou ele. Depois chutou a sua barriga. Apanhou a espada com a mão esquerda e apontou novamente a pistola para Onin - Menos um - provocou ele.
Sem demoras, Onin tentou disparar mas a pistola falhou. Marcos correu ao seu encontro e usou o cabo da espada, derrubando ele. O grandalhão veio correndo com tacape em punho. Marcos esquivou-se e também golpeou-o. Apressou-se a libertar Joel com a espada e lhe entregou a pistola. Joel conferiu a arma e depois apontou-a para Marcos.
-O que está fazendo? - perguntou ele incrédulo.
-O que você poderia ter feito - disse Joel e depois apertou o gatilho - um pedaço de papel apareceu na ponta da arma. Estava escrito "Feliz aniversário".
Marcos coçou a cabeça e tudo começou a fazer sentido. Onin entrou cambaleante na cabana e deu um longo abraço no amigo - Todos esperavam que você usaria a arma - comentou ele.
-Mas isso só mostrou que você não queria machucar a ninguém - disse Joel.
Marcos se desvencilhou do abraço e com lágrimas nos olhos abraçou o chefe.
-Aquela arma lá fora é de brinquedo, assim como a espada de papelão de Kojiro - comentou Joel - Você sempre comentou que queria ser um ator de filme de ação. Pois aí está.
Um outro homem entrou na cabana e se anunciou como diretor profissional e que havia visto a perfomance de Marcos. E que ele participaria do seu próximo filme.
-Gostou do seu presente? - perguntou Joel.
-Muito obrigado - disse Marcos abraçando novamente o seu bom e velho chefe, depois apertou a mão de Onin - desculpe por isso, você sabe que eu nunca ia atirar em você. Nem em Kojiro ou Lorak.
-Claro que sei. Todos esperavam que você usaria a arma. Mas eu sabia que não - dito isso os dois se abraçaram e saíram da cabana, com Joel prometendo que nunca mais daria um susto desses no velho Marcos.
FIM
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