Capítulo 5 - Quarto Cinza
Um único chute foi o suficiente para a porta da residência dos Epoe cair, levantando toda aquela poeira. Cadel entrou rapidamente com arco em punho seguido por outros três homens. Bian vinha logo atrás, até parar ao ver um sinal da mão do comandante.
- Fique aí - sussurrou ele - Leonel dê uma olhada na cozinha e seja discreto - Cadel deu alguns passos enquanto olhava ao redor. O sol pálido do alvorecer entrava pelas velhas janelas iluminando os móveis desgastados da casa. Aparentemente não havia nada fora do lugar, o que foi confirmado por Bian com um aceno de cabeça. O comandante se aproximou lentamente da antiga escada de madeira e esticou o pescoço para tentar enxergar o que havia em cima. Subitamente um raio de luz o cegou forçando-o a fechar os olhos e olhar para o lado. Fez um novo sinal com a mão e junto de Olav e Loran começaram a subir um a um os degraus. Tomou cuidado para não pisar em alguns buracos enquanto tentava visualizar o andar de cima conforme avançava. Passou pelos últimos degraus e com a flecha armada no arco observou tudo ao redor. Uma cama desarrumada com vários brinquedos de criança que Cadel supôs ser da prima que Bian havia mencionado. Um travesseiro estava encostado junto à lateral de um feio ármario que por sua vez estava aberto e várias roupas estavam espalhadas pelo chão. Olav e Loran haviam acabado de subir quando Cadel chamou a atenção de um corredor mais adiante que levava à uma porta cinza.
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Bian estava apreensivo enquanto esperava o retorno do comandante. Leonel havia voltado e agora montava guarda na porta mas a toda hora levantava a cabeça para olhar a escada com uma cara de preocupação. Foi então que Bian se arriscou a trocar algumas palavras com ele.
- Você se chama Lionel não é?
O soldado fez que sim com a cabeça e depois voltou a olhar a escada.
- Você... Poderia falar um pouco sobre esse Tombas?
- Thomas - corrigiu Lionel com um quê de desaprovação - tem sorte de estar vivo, garoto - dizendo isso ele levou a mão a coçar a nuca - há até algumas semanas atrás ninguém tinha ouvido falar de seu nome. Até que ele apareceu deixando atrás de si um rastro de crimes. A maioria têm relação com esse veneno que ele usa em suas armas. Ele não mata, mas não conhecemos a cura - suspirou - então é como se suas vítimas estivessem mortas.
Essa última palavra fez Bian se arrepiar, ia perguntar outra coisa que o estava deixando inquieto, mas foi interrompido por gritos e um estampido forte no andar de cima. Lionel arregalou os olhos e Bian instintivamente correu em direção à escada.
- Espere! - gritou Lionel em vão.
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Ofegante, Bian havia chegado ao quarto de Erica. Não teve tempo para se preocupar com a bagunça, apenas olhou para a porta cinza no final do corredor que agora estava entreaberta. Apanhou um velho pedaço de madeira debaixo da cama e lentamente caminhou pelo corredor. Foi quando notou que havia pisado em vidro quebrado, olhou para a esquerda e se surpreendeu com a janela quebrada. Do lado de fora deitado no chão de barriga para cima estava Olav. Bian deu um passo para trás e se segurou para não gritar. Sentiu náuseas e escorregou pela parede até sentar no chão. Estava em choque, não conseguia mais sentir as pernas e nem os braços. Fechou os olhos e pediu desculpas ao seu irmão por ter falhado com ele e à Erica por não ter protegido-a, enquanto uma lágrima solitária percorria seu rosto Mais um estrondo foi ouvido, despertando Bian do choque e forçando-o a leventar-se abruptamente. Tentou não olhar para o lado e forçou o seu corpo em direção à porta novamente. Conforme chegava perto, começava a ouvir mais claramente uma conversa entre dois homens, um deles era Cadel. Bian espiou pela fresta da porta e conseguiu ver Cadel de lado, e Loran que estava caído a um canto. Mas o quarto estava escuro, e Bian não conseguia ver de quem era a segunda voz.
- ...então sugiro a você que o chame logo ou ela vai sofrer as consequência de sua negligência.
- Não o envolva em seus horríveis atos! Solte-a! - ordenou Cadel.
- Você pôde se render enquanto podia, mas morreria do mesmo jeito.
- Do que você está falando?
Bian ouviu um ruído na escada, e virou-se para olhar. Suas pernas paralisaram ao ver o pálido rosto de Mathias aparecer enquanto subia calmamente a escada. Bian tentou se mexer, tentou avisar... Só o que pôde ouvir foi uma risada fria vinda do quarto cinza.







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