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Tópico: A Cadeira de Cristal

  1. #61
    Avatar de Manteiga
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    LIVRO DOIS


    Capítulo Nove
    Ensaio sobre o Pentágono de Yöer


    Com origens demasiadamente enigmáticas, que remontam antigos tempos de paz entre os humanos e de considerável “respeito” pelos poderes da Coroa de Thais, o Pentágono de Yöer, por vezes intitulado Pentágono das Sombras ou Espalhador do Pesadelo, é uma entidade cruel com longos tentáculos negros, que estendem-se atualmente por todas as instituições de poder que existem em Tibia.

    Érbio leu e releu a pequena passagem de poucas linhas que rabiscara displicentemente em um pergaminho cinzento e assentiu brevemente com a cabeça. Estava bom. Seria uma introdução suficientemente boa para situar os mais iluminados nos acontecimentos, quando aquele documento fosse lido, no futuro. Não sabia dizer se sairiam ou não daquela crise histórica, mas sabia dizer com perícia impecável que não faltariam registros sobre as crueldades realizadas por aqueles cinco que se intitulavam “Filhos dos Saberes”. Ficou examinando o primeiro parágrafo de Ensaio sobre o Pentágono de Yöer e sorriu internamente, apesar da hora ser pouco propícia. Pigarreou e buscou um copo de vidro repleto de um líquido cristalino, que bebeu sem hesitar. Sentiu a água limpar sua garganta por inteiro. Pousou o copo então no mesmo lugar de onde acabar de sair: sobre um paninho imundo dobrado cuidadosamente e localizado diretamente ao lado do tinteiro azulado.

    Examinou o resto de sua mesa, apreciando a pequena coleção de raridades ali presentes. Havia folhas de pergaminho enroladas cuidadosamente dentro de uma cesta de palha, o tinteiro e o copo, e alguns pertences pessoais irrelevantes. Mas o que de fato chamava sua atenção era a caveira dourada e meio rachada sobre um pequeno pedestal de mármore; a pena negra e alongada, já gasta pelo tempo, que provavelmente pertencera a um corvo gigante; o livro de capa de couro duro em que se lia Os Segredos dos Saberes; e por último, mas não menos importante, um longo cabo totalmente negro e encouraçado, que terminava abruptamente em um retângulo pesado de um material misterioso. Incrustado no meio daquele retângulo perfeitamente plano estava um olho de jade brilhante, que parecia despi-lo por inteiro. Dispostas pelo cabo em forma estranha estavam algumas frases douradas de uma língua perdida. Érbio pegou o martelo para si e girou-o nas mãos, lembrando-se do dia em que o líder da Unie, Ahamed, entregara-o sob sua responsabilidade. Quero que decifre a inscrição no cabo, dissera ele na ocasião. A relíquia foi encontrada em Darashia, e isso me dá esperanças de ter relação com o Pentágono.

    O escrivão largou calmamente a arma sobre a mesa e deixou seu olhar morrer sobre ela. Era um pesquisador excepcional, uma lenda viva da literatura thaiense. Todos na cidade conheciam suas grandes obras Lendo runas antigas e Passos na Areia de Devourer. Era um historiador renomado e grande conhecedor das artes da lingüística. Talvez tivesse sido chamado a se unir ao movimento revolucionário por aquelas qualidades, ou talvez porque suas pesquisas o levaram a grandes informações a respeito do Pentágono de Yöer. Repentinamente, pareceu lembrar-se de alguma coisa. Agarrou uma bela pena branca e curta que descansava sobre o papel, mergulhou sua ponta no tinteiro e voltou a escrever, com rabiscos negros quase ininteligíveis.

    O nome do movimento demoníaco originado nas profundas catacumbas da cordilheira de Kha’Zeel deriva da palavra antiga “Iaor”, cuja significa “nosso pai”, caso fosse traduzida para os dias atuais. O Pentágono do nome é uma clara alusão ao símbolo satânico de cinco pontas, o pentagrama, e ao fato de o movimento ser liderado por cinco lordes mortos-vivos em questão, cada um dominando uma das cinco áreas da magia negra, de acordo com as tradições: maldições, pragas, necromancia, magia negra propriamente dita e conhecimento perverso.

    Suas origens, como já foi citado nesta introdução, deram-se nas montanhas afastadas de Kha’Zeel, em uma depressão conhecida por eles como Katelchetroff, termo que significa basicamente “Terra dos Mortos”. Tal depressão atualmente é um pequeno deserto de areia de onde ergue-se a vila destruída de Drefia do Oeste, chamada no passado por um nome mais apropriado aos ideais yoereanos: Saberon (significa basicamente “Cidade da Sabedoria”). Ao contrário do que muitos estudiosos pensam, o Pentágono não surgiu inicialmente como uma espécie de culto aos demônios ou um antro de reunião daqueles que já morreram. Seus objetivos primários na realidade eram a incansável busca pelo conhecimento absoluto.

    Ele parou para descansar a mão e olhou pela sala. Era oval, pequena, composta pela mesinha tosca de madeira, por um tapete de cores vinho e alaranjado tecido em Ankrahmun e por um pequeno sofá verde e aparentemente muito convidativo. Existiam ainda cerca de quarenta lampiões rubros que prendiam chamas dançantes e quentes, espalhados vinte de cada lado da mesa presos no teto por correntes finas. Sua iluminação era eficaz para a escrita, mas criava sombras assustadoras que de vez em quando faziam o escrivão tremer no meio das noites de tempestade enquanto dedicava-se ao seu trabalho. Já havia terminado quase tudo: só faltava a introdução e as considerações finais.

    Longe, ao sul, houve uma grande explosão. Manifestou-se brevemente pelo estrondo fascinante, mas logo perdeu-se numa infinidade de gritos. Uma variedade anormal de passos ecoaram pelas ruas de mármore branco da cidade. Alguém bradou que eram caveiras, e que as Tropas das Sombras haviam chegado. Outro alguém urrou dizendo que finalmente as trevas venceriam o bem, e, pela movimentação que se seguiu, Érbio imaginava que o homem fora espancado e estava provavelmente inconsciente a essa altura, se é que estava vivo. Estou na cova dos leões, pensou ele, calmamente, a diferença é que estou em uma torrezinha um pouco mais elevada da morada dos felinos.

    Não agradava-lhe a idéia de estar tão distante de casa. Yalahar era um lugar estranhamente pouco acolhedor aos forasteiros, apesar de praticamente todas as raças existentes no mundo se manifestarem por seus quarteirões selvagens e monstruosos. Érbio não podia negar que a cidade possuía uma expressão cultural exemplar, fosse pelas lendas impressionantes que cercavam sua origem e decadência, fosse pela brilhante arquitetura inenarrável que tornava o coração de Yalahar um lugar perturbadora e inapropriadamente belo. Um ótimo lugar para uma guerra entre homens e mortos-vivos. Já fazia pelo menos dois meses que estava morando ali. Ahamed enviara-o juntamente com um pequeno grupo de soldados e alguns agentes pouco conhecidos da Unie. O líder do grupo dissera-lhe que estava os enviando com a missão mais nobre de todas: salvar o Império dos Anões.

    Ele suspirou. Virou-se para a esquerda e puxou uma caixinha de madeira totalmente quadrada de baixo de sua cadeira. Abriu o fecho cuidadosamente e pegou o considerável número de pergaminhos enrolados que dormiam alegremente ali dentro. Buscou atentamente pelas anotações no rodapé e logo encontrou a folha que estava procurando. Preciso de mais inspiração. Abriu-a com o carinho de um pai por um filho e começou a ler em silêncio o que escrevera até agora. Demorou-se um pouco mais em determinado trecho do capítulo inicial, como se revivesse a aventura que fora obter tais informações.

    [...] o Pentágono de Yöer inicia basicamente com a ascensão dos saberes nas terras do Devourer, o quente e curto deserto que envolve a cidade de Darashia. Muitos acreditam que a palavra “saberes” seja o simples plural do verbo “saber”, mas na realidade a palavra distingue um antigo grupo de humanos que migrou de Carlin em direção ao deserto antes mesmo de sua descoberta. Este grupo passou a ser denominado pelos moradores de Carlin como saberes (cuja sílaba tônica na realidade é o “sa”), um termo que significava “aqueles que vivem de pensar”. De fato, os saberes eram caracterizados como homens e mulheres brilhantes, que abandonaram a sociedade humana após constatarem que jamais seriam aceitos. Eram muito questionadores, buscando compreender tudo que pudessem sobre qualquer coisa. Suas buscas inquisitivas pelo conhecimento absoluto levaram-no a conhecer a existência de um deserto a sudoeste do continente, deserto este que só seria descoberto pelos demais humanos muitos anos depois.

    Os saberes rumaram imediatamente rumo ao tal deserto, e desembarcaram após uma longa e tortuosa viagem, na qual seguiram um mapa desenhado pelos próprios, baseando-se em informações de alguns orcs viventes no sul das Planícies do Caos. Evidências históricas indicam que eles chegaram exatamente em uma pequena parcela do deserto cercada por Kha’Zeel, onde atualmente fica Drefia do Oeste. Por isso não tomaram conhecimento da existência de outros desertos por muitos anos. Apesar disso, acredita-se que no apogeu de sua civilização brilhante, os saberes tenham mantido conversações diplomáticas com os lagartos, em Tiquanda, e com os mortos-vivos, em Ankrahmun. [...]


    Érbio assentiu com um breve aceno da cabeça e rabiscou alguma coisa na folha onde escrevia a introdução de seu livro. Então, coçou a barba longa e espessa, de cor cinza, deliberadamente. Pigarreou alto e bebeu o resto da água existente em seu copo. Antes de voltar à sua leitura, deu uma olhadela no martelo negro.

    [...] passados alguns anos, os moradores do continente esqueceram-se de quem eram os saberes e de como eles podiam ser inconvenientes. Alguns testemunhos de historiadores como Tael Moureau dizem que os saberes chegaram a questionar a existência dos deuses, e que provavelmente isso significou sua derrota na terra de Carlin. “Os moradores não estavam dispostos a se soltar de suas crenças por meia dúzia de fatos lógicos divulgados pelos saberes, então os expulsaram”, diz Moureau. Os saberes haviam constituído um duradouro império em Drefia, que na época chamavam de Saberon. Saberon possuía grandes vias para o trânsito de carroças avançadas para a época, um pequeno porto, grandes áreas residenciais e comerciais, pomares e hortas criados nas montanhas, regados pela água represada de um riozinho que cortava a cidade. Lá, os saberes tiveram sua liberdade de pensar e de se desenvolver. Representaram grande influência na formação da cidade de Ankrahmun, na época já uma cidade-morta (suas origens misteriosas não precisam ser discutidas neste volume).

    Mas os moradores do continente também eram ambiciosos. Mesmo décadas depois, ouviram falar da existência de um deserto e foram logo averiguar. Sem saber o que encontrariam, os venorianos desembarcaram onde atualmente fica a cidade de Darashia. Fundaram ali um pequeno vilarejo, e começaram a explorar e mapear as terras ao redor. Inesperadamente, porém, todos os homens enviados para a direção oeste de Darashia não retornavam. Exércitos foram enviados para a região, como se para enfrentar uma guerra, e surpreenderam-se ao encontrar Saberon e seus ilustres moradores. Aparentemente, nos anos que permaneceram isolados, os saberes desenvolveram fantástica habilidade para a magia negra. Com suas habilidades, os saberes combateram e venceram os venorianos facilmente. Mas logo foram atacados em massa por tropas vindas de todas as demais cidades, e assim, em um rápido e inesperado movimento, Saberon foi tomada e convertida em ruínas. [...]

    Ele fez uma pausa, rabiscou mais alguma coisa, e continuou a ler. O capítulo estava quase no fim.

    [...] Naquele tempo, os saberes eram regidos por um único senhor, chamado de Zeed. O Zeed era o iluminado maior, aquele que realmente tinha todas as respostas. Os saberes viam Zeed como uma espécie de deus, mas um deus que tudo sabia e tudo podia. Assim, fundaram sua própria religião, na qual passaram a adorar uma entidade chamada de Noor, termo sinônimo de Yöer. Eles defendiam que este era uma espécie de irmão de Zathroth, mas bondoso e que só deseja obter o conhecimento. Os venorianos porém, ao ficarem sabendo do culto ao “Deus do Saber”, que na terra era representado pelo líder espiritual dos saberes, enfureceram-se e invadiram a cidade em massa, que foi justamente o que de fato causou sua ruptura.

    Mas a história não termina ali. Alguns saberes sobreviveram ao ataque, e, cheios de ódio pelos tuquos (que era como eles chamavam os “não iluminados pela verdade absoluta”), os saberes se reorganizaram sob a liderança do Zeed mais famoso de toda a história: Teoth. Teoth dizia ser a personificação verdadeira de Noor em Tibia, e que apenas ele poderia levá-los ao saber verdadeiro. Não sabe-se exatamente como, mas Teoth aparentemente rompeu a fina camada que separa o nosso mundo do mundo dos demônios. Mago excepcional que era, Teoth conjurou as entidades diabólicas e supostamente teria deixado que cerca de cinco demônios incorporassem em seu espírito, transformando-o em uma hedionda entidade maligna com poderes equiparáveis aos de um deus de verdade. Teoth, que agora adotara o nome de Yöer, transformou os saberes originais (aqueles que resistiram ao ataque) em serem imortais pela ação do tempo e infiltrou-os nas instituições mais notáveis do mundo, como a TBI e a Sociedade Exploradora. Mas nada teria acabado ainda. Yöer reuniria em Saberon diversas criaturas inocentes, como peixes, pássaros e répteis, e transfiguraria tais criaturas em entidades monstruosas, meio humanas e meio feras, que também receberiam grandes dons e a incapacidade de morte pelo tempo. Estas criaturas bizarras passariam então a habitar a mente das pessoas como os verdadeiros saberes, razão esta responsável pelo equívoco comum de que os saberes seriam monstros, e não humanos. Na realidade, os saberes não todo e qualquer um que viveu em Saberon no seu tempo de glória.

    Yöer iniciaria ali uma guerra inigualável, na qual confrontou milhões de exércitos no Devourer. Os líderes de estado da época, para evitar explicações complicadas, omitiram a informação básica de que a guerra se dava contra demônios e entidades nunca antes vistas, e declarou que os homens estavam lutando contra dragões que viviam em Kha’Zeel. A batalha duraria apenas um ano, no final do qual, Yöer teria sido morto. Com a morte do líder, suas criações ficaram desorientadas, e foram facilmente superadas. Porém, cerca de meia dúzia de saberes resistiram ao embate (segundo antigos depoimentos de soldados combatentes). Seu paradeiro é desconhecido até hoje, mas se de fato não foram mortos por agentes externos, com certeza não foi o tempo que os destruiu. Yöer foi enterrado em uma cripta nas profundezas de Saberon, e nunca mais se ouvir falar dele. [...]


    Até agora, pensou Érbio, abandonando a leitura. Guardou o pergaminho junto com os demais na mesma caixinha e recolocou-a no local de origem, com o mesmo cuidado costumeiro. Não precisava ler mais nada para se lembrar com perfeição do que ocorria em seguida. A Redenção. Cinco entidades misteriosas, provavelmente desprovidas de vida, surgiram do além, cada uma de uma região específica do Tibia. E como se acessassem uma biblioteca antiga, pareciam saber tudo sobre aquela história negra e há muito esquecida. Reergueram os ideais sanguinários da segunda geração de saberes liderados por Yöer, e, da noite para o dia, tomaram todo um planeta. Se não fosse ele mesmo, se não conhecesse a história, se não tivesse visto o corpo mutilado de Tibianus III pendurado naquele poste desoladamente, Érbio provavelmente não acreditaria no que estava acontecendo. Os cinco repartiram o planeta entre si como crianças fariam com um punhado de amoras, e passaram a se intitular Pentágono de Yöer, em uma clara alusão ao símbolo máximo de Saberon, o pentagrama. Érbio perguntava-se se o nome traria a definição de Noor por acaso, ou se eles realmente idolatravam aquele deus fajuto.

    O que era mais perturbador era que aqueles cinco, que nem usavam o título de saberes, simplesmente dominavam todos os campos das artes das trevas, e ao, contrário das gerações anteriores de sua laia, não eram puros ou invocavam demônios. Preferiram colocar todos os mortos-vivos do seu lado. Com um exército ilimitado, os Cinco Lordes das Sombras conseguiram o que nenhum outro Zeed conseguira: ter o Tibia nas mãos. Naturalmente, a Unie e tantos outros movimentos revolucionários já haviam retomado algumas cidades. Edron, Carlin, Venore, Darashia e Yalahar erma agora lugares seguros para se viver. Pelo menos por enquanto. Mas apesar de praticamente já terem assegurado seu triunfo sobre os humanos, Érbio tinha o péssimo palpite de que os cinco queriam algo além. E infelizmente, Érbio costumava acertar seus palpites.

    Agora estavam naquela guerra caótica, na esperança provavelmente em vão de lutar contra o Pentágono. Cada lorde parecia relevar o que se dava com os seus vizinhos, cuidando apenas de suas terras, seus exércitos e seus tesouros. Isso talvez facilitasse o trabalho deles. Mas se eles resolvessem se unir como já fizeram um ano antes, quando Thais caiu, eles teriam sérios problemas. Que os deuses nos ajudem. Olhou para uma pequena janelinha triangular que estava logo às suas costas, quase imperceptível. Através dela ele viu, distante, o continente. Uma nostalgia incomum invadiu seu peito. Era a primeira vez em mais de trinta anos que Érbio abandonava sua terra. E tudo culpa de cinco imbecis que mereciam morrer de novo.

    Seus nomes não deviam em voz alta serem pronunciados. Transpiravam crueldade e espalhavam medo. Mas ele não tinha medo de gritá-los se fosse preciso. Cada um deles merecia um castigo pior do que o último, e Érbio esperava ansiosamente o dia em que seriam punidos. Ele suspirou, lembrando-se daquilo que ninguém deveria lembrar. Konar, o senhor das trevas, rei absoluto do Condado do Sul. Catura, o grande sábio amaldiçoado, o grande rei do Condado do Norte. Razan, aquele que não possui corpo físico e que entende a morte melhor do que todos os outros juntos, sultão absoluto das terras da Parcela de Darama. Ternur, a mulher que era meio inseto e que era capaz de controlar todas as pragas, sendo ela a rainha do Reino de Tiquanda e Ilhas Próximas. E por fim, Ylana, a cruel feiticeira do gelo, que assassinara o lorde original – e seu marido, Azzard – e que representava a magia negra. Suas terras eram o distante Estado de Hrodmir e Ilhas de Gelo. Os Cinco Lordes.

    Uma batida suave na portinha de madeira negra arrancou-o de seu devaneio. Já sabia que ele viria. Só esperava terminar o manuscrito antes para poder entregar a ele.
    - Entre. – Disse com sua voz tristonha e baixa. Houve um momento de espera e a porta abriu-se, revelando um elfo extremamente alto e com uma expressão apática. Seu monóculo dourado estava sujo e levemente lascado. – Veio mais cedo Faluae, ou eu que me perdi demais em meus pensamentos, sem ver o tempo correr?
    O elfo sorriu de leve, revelando rugas inexistentes alguns dias atrás.
    - Provavelmente a segunda opção, meu bom amigo. – Ele observou o pergaminho rabiscado sobre a mesa. – Concluiu finalmente?
    - Não, ainda não. Falta pouco. Quero dizer, com o que tenho até agora. Mas ainda falta muito para se pesquisar, para que eu enfim compreenda nosso inimigo por completo.
    - Estamos contando com isso. Todos nós. – Disse ele, sério. Érbio guardou o manuscrito junto aos demais e mergulhou a pena no tinteiro, deixando-a lá. – Não posso me demorar... Vernac quer me ver. Parece que tem novidades sobre o Assassino de branco. Só vim avisá-lo que os guardas chegaram para o escoltar até Beregar. Os chefes anões estão ansiosos para ouvir suas palavras.

    Érbio assentiu levemente, com o olhar perdido na janelinha triangular.
    - Diga a eles que me aguardem no térreo. Logo descerei para irmos. Preciso trocar de sapatos, afinal, pelo que me disseram, o caminho até Beregar é muito acidentado.
    O elfo sorriu em resposta, levantando-se de imediato e caminhado demoradamente rumo ao portal que ainda jazia aberto.
    - Espero que consiga o que nenhum de nós conseguiu, Érbio.
    - Um milagre?
    Ele balançou a cabeça, perdido em devaneios antigos.
    - Sim. Um milagre. – E dizendo isso, Faluae virou-se e rumou para a porta, saindo e fechando-a ao passar.

    - Faluae! – Gritou Érbio repentinamente, como se lembrasse de alguma coisa. O elfo parou e enfiou a cabeça pela fresta ainda aberta da porta, esperando-o continuar. Érbio indicou o martelo negro sobre a mesa. – Diga a Ahamed que consegui traduzir uma linha. Está escrito Belzeebub.
    ---
    Creio que todo mundo entendeu como se lê "Érbio"
    "Belzeebub" seria lido como "Belzebú"
    Dos Cinco Lordes, três a pronúncia ainda não havia sido apresentada, imagino eu:
    "Razan" = "Razân"
    "Ternur" = "Térnúr"
    "Ylana" = "Ilâna"
    A palavra "Zeed" lê-se como "Zid"
    Da mesma forma que "Noor" é "Nûr"
    Acho que agora chega. Ufa!


    Um capítulo longo, insosso e muito chato de se ler, eu sei e entendo que possam torcer o nariz pro que eu escrevi. Não é exatamente o que vocês esperavam para o começo do Livro Dois, mas eu só podia fazer isso perante todas as modificações que fiz no curso da história. Originalmente a história do Pentágono seria narrada quando Angela e companhia ficassem cara a cara com Ahamed, lá pelo capítulo doze no planejamento original. Mas eu removi essa cena, mudei muita coisa pra deixar a história mais legal e essa cena aqui teve de ser feita por diversos motivos, não só contar a história. Que por sinal, está só pela meta aí em cima. Espero ter sido claro na explicação.

    Agora teremos mais dois capítulos meio parados e pouco informativos até que a história retome seu ritmo habitual. Isso se deve a passagem de tempo que se dá entre o capítulo oito e o nove. Espero que compreendam :x

    Manteiga.

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    Última edição por Manteiga; 10-10-2009 às 17:06.
    Dezesseis anos depois, estamos em paz.

  2. #62
    Avatar de Lord Callipso
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    Opa, que bom ter a história de volta, Manteiga!

    Só fui constatar a volta d'A Cadeira de Cristal agora, com este capítulo. Enfim, não sou mestre nisso, mas vou destacar algumas coisas que gostaria de rever.
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    [...]a caveira dourada e meio rachada[...]
    Não captei a idéia de "meio rachada". Tenho para mim que ou ela está rachada, ou não está
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    [...] Naquele tempo, os saberes eram regidos por um único senhor, chamado de Zeed. O Zeed era o iluminado maior, aquele que realmente tinha todas as respostas. Os saberes viam Zeed como uma espécie de deus, mas um deus que tudo sabia e tudo podia. Assim, fundaram sua própria religião, na qual passaram a adorar uma entidade chamada de Noor, termo sinônimo de Yöer. Eles defendiam que este era uma espécie de irmão de Zathroth, mas bondoso e que só deseja obter o conhecimento. Os venorianos porém, ao ficarem sabendo do culto ao “Deus do Saber”, que na terra era representado pelo líder espiritual dos saberes, enfureceram-se e invadiram a cidade em massa, que foi justamente o que de fato causou sua ruptura.
    Não está em itálico .
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    [...]cada uma de uma região específica do Tibia.
    [...]ter o Tibia nas mãos.
    Não sei o porquê, mas os dois trechos me pareceram estranhos. "O Tibia" me parece um tanto quanto errado, visto que imagino "O Tibia" como O Jogo. Busquei um pouco mais e achei no Gênese um trecho:

    Ele uniu-se com a terra que como sabemos é chamada de Tibia.
    A terra é chamada, mas fico em dúvida se não queria ter escrito "do continente de Tibia" e "ter o continente de Tibia" nas mãos. Todavia, esperemos alguém se manifestar sobre isso.
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    [...]– Veio mais cedo Faluae[...]
    Só mais uma vez aquele errinho de vírgula, pra arrumar: "[...]- Veio mais cedo, Faluae[...]".
    Todavia, a história continua fantástica. No começo do capítulo nono, me assustei com a mudança de foco da história, passando de Angela para Érbio. Fico curioso, o foco voltará para a bruxa de laranja?

    Enfim foi interessante saber mais sobre o Pentágono. Mas espero... talvez um pouco mais de ação no próximo capítulo .

    Sinceros parabéns, e boa volta.

  3. #63
    Avatar de Manteiga
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    @Lord Callipso
    Obrigado por indicar aquele parágrafo que não estava em itálico, já fui lá e arrumei :p A caveira "meio rachada" na realidade está trincada, só me faltou a palavra na hora :x Imagine como um copo que bate em algo e racha mas não quebra. Sobre o Tibia, bem, ficou estranho mesmo. Mas podemos imaginar esse o Tibia como o mundo, o planeta ou algo assim, não? Enfim, é uma questão de interpretação, eu acho ._.'

    Obrigado por ter passado e comentado o/ Érbio assumiu as funções desse capítulo porque com certeza ele era o melhor para passar essa história adiante. Infelizmente não posso prometer mais ação nos próximos capítulos visto que há muito para ser completado, mas eu prometo que um dia essa ação vem :x E quem sabe a Angela apareça junto com ela...

    ---
    Aos demais, podem comentar viu ._. Eu deixo.

    Manteiga.
    Dezesseis anos depois, estamos em paz.

  4. #64
    Avatar de Meltoh
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    Nossa. Li os nove capítulos Estão bem extensos alguns deles, isso é legal, a história parece se encaminhar para uma grande história épica cheia de ação, então é normal haver muita explicação em partes como o capítulo 9, que por sinal pensei que esse mesmo capítulo estivesse mostrando uma cena isolada no futuro, depois entendi que você disse que teve mesmo um salto no tempo.


    A história está boa, e acredito que mais personagens principais aparecerão com o tempo, não é? Se não aparecerem tudo bem, o Zoroast é um personagem bem interessante. Só não gostei muito da Angela ainda... Mas ainda tem coisas interessantes a se mostrar sobre essa personagem.


    Valeu, e parabéns pela história.

    OBS : Se quiser dá uma olhada na minha história também: Terras Distantes!
    Leia minha roleplay :Terras Distantes

  5. #65
    Avatar de Bela~
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    Manteiga! Bom dia. Havia dito que leria tudo e só depois comentaria. Mas vi que há muita coisa, então vou lendo, comentando, lendo, comentando... e assim por diante. As duas primeiras partes têm uma escrita excelente, embora saiba que todo o restante também esteja muito bem narrado. O prólogo, como você mesmo disse, ficou mais explicativo, o que, a meu ver, quebrou um pouco da dinâmica da narrativa. Sabe, muitas informações, me deixaram meio perdida O primeiro capítulo, devo dizer, ficou ótimo, muito bem descrito e coerente. Ansiosa por continuar a leitura, logo postarei mais comentários. Até, Manteiga
    Bela~




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  6. #66
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    Como você mesmo previu o capítulo ficou bastante cansativo. Achei um pouco exagerada a carga de nomes e citações feitas, me lembrou o que Dan Brown faz as vezes, contando pedaços da história da humanidade. Érbio foi bem construído, nada mais justo que um historiador seja perfeccionista, seus devaneios foram bem naturais para um homem comum, o que ajudou a torná-lo bem verossímil. Tome cuidado para ele não ganhar a mesma falta de emoções que a personagem Angela trasmite.

    Achei o capítulo bem confuso também, exatamente por causa da quantidade de nomes, como eu disse. Essa história de lordes é um pouco manjada, então você terá que tomar muito cuidado para não acabar preso numa simples história de batalha com cada um deles, deixando seu roleplay oco.

    Outra coisa, você está descrevendo muito bem, parece até Dan Brown, bastante detalhado e claro nas descrições. Parabéns.

    Esperando o próximo.

  7. #67
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  8. #68
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    Desculpe-me pela demora. Já fui o escritor e sei como é chato esperar vários dias por comentários...


    Por um instante, me senti lendo uma estranha mistura de O Mundo de Sofia com O Silmarillion. O capítulo ficou realmente cansativo e didático, mas admito que conseguiu inspirar curiosidade pelos próximos acontecimentos.

    Na minha opinião, o problema é que o mote parece muito clichê e, de certa forma, infantil. A luta do bem contra o mal é um tema extremamente batido que necessita de renovação. Todavia, é claro que a história pode ser muito boa, só depende da abordagem e nível de profundidade.

    Esse nono capítulo está muito bem escrito, mas algumas partes ficaram confusas, frases repletas de informações embaralhadas ou inseridas fora de contexto (o quarto parágrafo é o melhor exemplo).

    Mais dois pontos:

    • O trecho "pergaminhos enrolados que dormiam alegremente" ficou muito estranho.

    • Tenha cuidado com as vírgulas antes da letra E. Nem todas estão erradas, mas muitas são desnecessárias, apenas travam o texto.



    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    Pousou o copo então no mesmo lugar de onde acabar de sair: sobre um paninho imundo dobrado cuidadosamente e localizado diretamente ao lado do tinteiro azulado.

    acabara
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    Érbio não podia negar que a cidade possuía uma expressão cultural exemplar, fosse pelas lendas impressionantes que cercavam sua origem e decadência, fosse pela brilhante arquitetura inenarrável que tornava o coração de Yalahar um lugar perturbadora e inapropriadamente belo.

    perturbador
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    Na realidade, os saberes não todo e qualquer um que viveu em Saberon no seu tempo de glória.

    são
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    Edron, Carlin, Venore, Darashia e Yalahar erma agora lugares seguros para se viver.

    eram

    Até!

  9. #69
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    Capítulo Dez
    Medidas Emergenciais

    Os ventos agitavam-se em fúria entre os altos e pontiagudos prédios de Yalahar. Provocavam ruídos fantasmagóricos quando encostavam nas edificações de mármore e tinham um potencial excepcional de arrastar qualquer coisa que não estivesse presa ao chão. Nuvens de tempestade aproximavam-se do sul, trazendo consigo presságios de uma catástrofe. Entre os chiados do vento arrastando-se pelas ruas e as minúsculas gotículas de água caindo do céu, notou-se uma movimentação anormal em dada parte da cidade.

    Uma luminosidade trepidante era emanada de uma janela oval no térreo de uma suntuosa torre de mármore em um lugar afastado do centro da cidade. A fonte de luz alaranjada passaria despercebida se não viesse acompanhada de algumas vozes até certo ponto alteradas.
    - Devemos entrar em ação imediatamente. – Declarou um homem alto, de porte atlético e expressão meio séria e meio divertida na face. Analisava os demais integrantes do recinto com certa compenetração, tentando decifrar o que se escondia por trás de seus olhos. Infelizmente, não era bom nessas coisas.
    - E o que pretende fazer, Drago? – Disse uma voz calma pertencente a outro homem. Os três ocupantes do lugar viraram-se, espantados, quando viram o elfo Faluae parado na janela, admirando-os com seus olhos inquisidores. Ele sorriu e displicentemente entrou pela janela, acomodando-se em uma cadeira de madeira ao lado do homem que acabar de falar.

    Drago corou.
    - Eu... Bem... Temos tropas, não temos? Podíamos erguer uma armadilha nas muralhas de Yalahar e ver se conseguíamos por as mãos no cara, Faluae. – Percebendo que ninguém mais defendia sua idéia, adiantou-se: - Claro, é só uma... Suposição.
    - E você estaria disposto a ficar horas a fio de tocaia nessa tempestade apenas para por suas mãos em um único homem que nada tem a ver com as instruções que recebemos de Ahamed? – Quem falou dessa vez foi Vernac, um homem que transpirava mistério e que trajava uma completa armadura negra e resistente, que não produzia ruído algum enquanto este se movia. Possuía uma longa cimitarra prateada presa à cintura. Os furos em seu elmo deixavam seus olhos azuis transparecerem, ameaçadores. Apesar do porte aterrorizador de da voz estrondosa, Vernac era um homem leal e de bom coração. – Eu mesmo responderei. Claro que não. Todos aqui sabemos que não é capaz de se expor tanto assim.

    - Não me ultraje Vernac. Eu apenas... Bem... Eu sou meio... Inseguro.
    - Não há espaço para insegurança nesta guerra meu caro amigo. – Adiantou-se Faluae ao perceber que Vernac ansiava por uma de suas famosas respostas cortantes. Drago assentiu de leve e pousou o arco esverdeado que carregava no colo, olhando distraidamente para o ambiente que o cercava. Era uma grande mesa de madeira redonda com doze cadeiras dispersas em torno de sua circunferência. Ele estava sentado diretamente ao lado de faluae, com Vernac sentado no extremo oposto. Perto da porta estava uma mulher distraída que não parecia interessada na conversa. – Mas enfim... Só me juntei à vocês porque Vernac me garantiu ter novidades a respeito do homem que insiste em atrapalhar nossos planos. Espero que sejam realmente boas notícias.

    - As melhores, Faluae. Não podemos mais ficar adiando nossos trabalhos. Já faz dois meses que nosso senhor Ahamed nos deixou essa missão de importância inenarrável para os objetivos da Unie, certo?
    - Deixe de floreios Vernac. – Reclamou uma voz feminina. Todos voltaram-se para a jovem mulher ligeiramente baixa, de traços fortes e olhos tempestuosos. Seus cabelos dourados estavam amarrados em um rabo de cavalo longo. Usava roupas um tanto quanto masculinas. – Todos temos ciência de que Ahamed está quase enfartando enquanto aguarda por novidades que não chegam nunca. Até agora não conseguimos dar um passo em direção à reconciliação dos anões. Continuam separados nas tribos de Kazordoon e Beregar. E não se engane: não é porque todos eles estão amontoados em Yalahar que teremos mais facilidade. Estão furiosos uns com os outros.

    - Agradeço por sua opinião Laila. Só acho que poderia ter sido um tanto quanto mais... Eufêmica. – Retorquiu o cavaleiro de preto. Pigarreou e voltou aos seus argumentos. – Acho que nossa companheira aqui já deixou clara nossa situação. Ahamed nos escolheu por razões óbvias para essa missão: a mim pelo fato de que sou um dos melhores generais que ele tem, a Faluae por sua excepcional ação como diplomata, a Drago por seus trabalhos passados como espião e à Laila por ser um membro de confiança da revolução. Tínhamos tudo para ter sucesso em pouco tempo. Mas até agora, apesar de nossos esforços, ainda não conseguimos que os líderes das duas tribos de anões assinassem um acordo e reunificassem seu império. E todos nós sabemos que se eles não se unificarem, não irão nos apoiar nessa guerra. E a última coisa que precisamos é perder aliados preciosos como os anões.

    Faluae assentiu distraidamente enquanto Drago balançava as pernas em fervor, expressando seu típico nervosismo.

    - Pois bem... Estamos fracassando miseravelmente. Precisamos fazer alguma coisa imediatamente, pois estamos perdendo muito tempo. E tempo é algo que não pode ser desperdiçado. – Vernac fez uma pausa para assegurar que suas palavras gerariam o efeito apropriado. – E não podemos fazer absolutamente nada enquanto aquele maldito que conhecemos por Assassino de Branco estiver solto por aí. Tenho a impressão de que enquanto ele respirar, seguirá matando. Mas felizmente, meus homens conseguiram grandes resultados nos últimos dias. Espionamos toda a superfície da cidade de Yalahar, incluindo os quarteirões, e fizemos duas descobertas que com certeza irão facilitar e muito nosso trabalho. Em primeiro lugar, nosso alvo é um ser humano. Atingimos um de seus braços com uma flecha, e este sangrou.

    Drago sorriu de leve e Faluae permaneceu inalterado, como se esperasse mais. Mas de fato será mais fácil para matá-lo, pensou ele.
    - A segunda descoberta foi a melhor. Seguimos a trilha de sangue deixada por ele e chegamos ao seu provável lar. O Quarteirão de Trocas.
    Todos os presentes – incluindo Laila, que aparentava estar totalmente alheia ao discurso cansativo de Vernac - arregalaram os olhos perante a notícia inesperada. O Quarteirão de Trocas era um pedaço de Yalahar dominado pelos criminosos, composto de algumas casas e um verdadeiro labirinto de pontes e barcos de contrabando. Não era a mais surpreendente das notícias, mas significava um grande avanço. O Assassino de Branco era simplesmente o maior inimigo da Unie naquele momento. Um provável agente do Pentágono, vigiava e atacava qualquer humano que encontrasse – o que era muito estranho considerando a recente descoberta de Vernac. Sua rapidez e perícia invejável tornavam-no uma verdadeira peste impossível de se capturar. Inúmeras armadilhas já haviam sido feitas, mas nenhuma tivera êxito. Muitos homens haviam morrido para tentar detê-lo. E aparentemente chegara a hora do jogo virar de lado. Mas mesmo com a descoberta da aparente moradia do bandido, procurá-lo lá seria como capturar uma folha em um vendaval.

    - Estou certo de que com ele fora do nosso caminho, finalmente poderemos completar o que nos foi atribuído. Já estou preparando meus homens para cercar todas as saídas possíveis do Quarteirão de Trocas. Amanhã de manhã iniciaremos uma incursão. E até o fim do dia o teremos, vivo ou morto. Preferencialmente morto.
    - Muito bem Vernac. – Disse Faluae, ficando em pé e batendo o pó da capa marrom que usava sobre todo o corpo. – Mas não creio que o Assassino de Branco seja nossa maior preocupação no momento. Eu recentemente recebi informações preciosas de certo contato que possuo dentro das Tropas das Sombras. Informações que podem nos ajudar a conseguir a paz dos anões.
    - O que?! Você tem um maldito espião nas Tropas? Mas... Como isso é possível?! – Gritou Drago engasgando-se entre uma sentença e outra. Vernac olhou-o com reprovação e Laila murmurou alguma coisa inaudível, como se estivesse o amaldiçoando.
    - Por favor, peço que relevem esse fato, pelo menos por enquanto. Apenas posso assegurar que é um contato confiável. Devemos ir direto ao ponto: sabemos todos que, aproximadamente um ano atrás, ocorreram os lamentáveis assassinatos de nossos mais ilustres líderes. Entre eles estava Daniel Steelsoul, o grande governante de Edron. As análises feitas em seu corpo deixaram claras quais foram as causas de sua morte: envenenamento. Pois bem... Cerca de um mês após a morte de Steelsoul, o Imperador Kruzak de Kazordoon foi encontrado morto em seu trono. E adivinhem só. Ele foi envenenado.

    - Onde quer chegar? – Indagou Laila de modo áspero. Vernac pareceu surpreso ao ouvi-la falar.
    Faluae sorriu.
    - Existe um registro no Barco à Vapor que liga Kazordoon à ilhota de Cormaya, localizada diretamente ao sul de Edron. Eu consultei esse registro nas últimas semanas e descobri que a última vez que aquele barco chegou à cidade dos anões foi há doze meses, exatos dois dias antes da morte de Kruzak.
    - Está insinuando que o responsável pela morte de Steelsoul... – Começou Vernac, sendo abruptamente interrompido por Faluae com um gesto simples de sua mão esquerda.
    - Também matou Kruzak. Isso é um fato. E como vocês sabem muito bem, devido a crises muito antigas, os anões passaram a viver em duas cidades diferentes: Kazordoon, no continente, e Beregar, nas profundas cavernas próximas à Yalahar. Viveram anos de uma guerra civil com objetivos adversos. E a morte de Kruzak foi a gota d’água. Os anões do norte acusam uma facção de anões de Kazordoon de serem os responsáveis, e assim fazem os anões do sul também. E isso é o fator responsável por sua ruptura, que justamente nos trouxe até aqui hoje. E até onde sabemos, provar que não foi nenhum dos dois grupos o responsável pela morte de seu imperador será um grande passo rumo ao retorno dos laços de amizade entre os anões.

    - E daí? – Dessa vez quem falou foi Drago, bocejando.
    - E daí que eu sei quem matou Daniel Steelsoul. É um dos vampiros mais conhecidos da atualidade, e um fiel servo de Konar, o amaldiçoado. Seu nome é Sir Valorcrest.
    - Valorcrest?! – Gritou Vernac, ficando em pé e batendo na mesa com força. Já ouvira falar dele antes. Era conhecido por ser um vampiro poderoso de muito difícil de se capturar. Sua localização era uma incógnita. Valorcrest era tão brutal no que fazia que até mesmo os demais vampiros temiam pronunciar o seu nome.
    - Exatamente. E tem mais: eu tenho quase certeza de onde ele está refugiado. – Os três encararam-no longamente, convidando-o à responder. Faluae respondeu com uma simples palavra que causou uma explosão nas mentes dos demais: - Aqui.

    - Isso... Isso é... Inacreditável. Um dos seres mais procurados de todos os tempos... Bem embaixo do nosso nariz. – Vernac falou com um tom de leve decepção. Mas logo se recompôs e voltou-se para Faluae, encarando-o como se esperasse que o elfo desmentisse tudo de imediato. Mas como nada ocorreu, o líder das tropas de Yalahar pigarreou e falou com seu típico tom solene e convidativo. – Então faremos o seguinte: Eu e Drago, junto com as tropas já posicionadas, iremos atrás do Assassino de Branco amanhã mesmo. Irei também pedir que Oryx peque suas tropas e acompanhe você e Laila no que precisarem. Quero que você encontrem Valorcrest e façam o possível e o impossível para provar que é ele o responsável pela morte de Kruzak. Aproveitem e tentem extrair mais informações dele. Faluae... Valorcrest é nossa última esperança. Se não for ele quem unificará o império, ninguém mais o fará.

    Faluae assentiu com um aceno de cabeça enquanto Vernac voltava a se sentar e pairava um perturbador e incomum silêncio nos ares de Yalahar. Os ventos haviam cessado.
    Drago e Laila com pronúncia óbvia.
    "Vernac" = "Vêrnác"
    "Valorcrest" = "Valorcrést"


    Não tenho nada a dizer, apenas que é um capítulo transitório bobo para adptá-los aos acontecimentos atuais. No último capítulo conhecemos um pouco da situação passada do Pentágono, e nesse um pouco da situação atual do contexto. Capítulo fundamental também para apresentar tres personagens recorrentes nessa longa trama. Eu sei muito bem que esses últimos capítulos vieram atropelando tudo, saindo do ritmo da história, mas se eu não fizesse isso provavelmente eles ainda nem teriam chegado à Venore depois de sair de Ab. Ou era atropelar por três, quatro capítulos ou prolongar por cinco ou até mais. Espero que entendam :/

    Anyway, esse é o capítulo com menos frases em itálico xD

    @Todo mundo
    Obrigado por passarem e comentarem, fico surpreso que tenha vindo bastante gente nesse último capítulo :O Fico feliz com seus comentários e espero que voltem mais vezes xD

    @Drasty
    Sim, eu tinha consciência de quase tudo o que você disse. Mas isso foi uma daquelas coisas que eu não tinha como mudar, do contrário ia ficar pior ainda. Obrigado pelo elogio, e que bom que gostou do Érbio ^^ Não planejei ele originalmente, mas acabei desenvonvelndo-o de um jeito que gostei muito. Quanto aos lordes, bem, lutar contra os cinco inevitavelmente acontecerá mais cedo ou mais tarde, e isso achei que tinha ficado claro desde o princípio. Mas isso não quer dizer que matar a cada um seja o objetivo fundamental da Unie. As lutas serão... Consequências.

    @Avestruz
    Don't worry, fiquei sem computador por uns dias e foi uma boa surpresa ver seu comentário quando voltei :d Eu concordo e discordo com sua abordagem sobre bem e mal. Discordo porque são dois pólos básicos e presentes em tudo, mesmo que de formas indiretas ou mascaradas. E concordo por que realmente é um clichê muito chato e que fica muito evidente na minha história. Espero poder lapidá-la de um modo proveitoso mesmo assim.

    Manteiga.
    Dezesseis anos depois, estamos em paz.

  10. #70
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    Na minha opinião, o capítulo dez peca em vários quesitos.

    Apesar de não ser tão difícil imaginar, uma descrição como "expressão meio séria e meio divertida" está longe de ser instigante. Além disso, algumas frases ficaram cansativas, entupidas de adjetivos. (Exemplo: "Uma luminosidade trepidante era emanada de uma janela oval no térreo de uma suntuosa torre de mármore em um lugar afastado do centro da cidade".)

    A primeira citação sobre Laila é bastante redundante ("uma mulher distraída que não parecia interessada na conversa"). E eu fiquei sem entender a personagem, que ouvia tudo, mas estava em outro universo... por sinal, nada parecia se encaixar. A reunião resultou em uma passagem artificial e pouco fluida, principalmente quando Vernac explicou as funções de cada um deles e Faluae deu uma aula de história sobre Kazordoon.

    O problema não é ser transitório, mas, como você mesmo disse, bobo. É possível preparar o terreno e introduzir personagens em capítulos interessantes e bem escritos. O texto perde a graça quando tudo soa como justificativa forçada para explicar acontecimentos futuros.


    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    Ele sorriu e displicentemente entrou pela janela, acomodando-se em uma cadeira de madeira ao lado do homem que acabar de falar.

    acabara
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    Apesar do porte aterrorizador de da voz estrondosa, Vernac era um homem leal e de bom coração.

    <apaga>
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    - Não há espaço para insegurança nesta guerra meu caro amigo.

    <vírgula>
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    Ele estava sentado diretamente ao lado de faluae, com Vernac sentado no extremo oposto.

    Faluae
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    - Agradeço por sua opinião Laila.

    <vírgula>
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    - O que?!

    quê
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    Era conhecido por ser um vampiro poderoso de muito difícil de se capturar.

    e
    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    Quero que você encontrem Valorcrest e façam o possível e o impossível para provar que é ele o responsável pela morte de Kruzak.

    vocês

    Impossível não reparar que você costuma cometer os mesmos erros, como "acabara" incompleto, "sue", "que" sem acento circunflexo (quando está no final da frase), e por aí vai. É caso para uma revisão minuciosa.

    Até.

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    Última edição por Emanoel; 26-10-2009 às 15:03.



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