Só respondo agora porque como previ, se eu postasse pra responder teria que double-postar pro capítulo.
Bem, eu disse do inicio que seriam muitos personagens. Mas as apresentações acabaram, agora todos os novos que aparecerem só ficam uns poucos capítulos, ai nem precisa de concentrar muito neles. Apesar de que todos são importantes.
E sobre o final, Klaar é burro. Não deixem bem claro no capítulo, mas ele é burrinho. Mesmo vendo que não era verde, podia achar que era um orc amaldiçoado ou sei lá. E também se não era um orc o que estaria fazendo ali? Logo ele imaginava ser orc... Mas não, não é uma mutação. Você vão descobrir que(m) é ainda ;D
Capítulo VIII
Filho do Fogo, Filha da Terra
Quem poderia imaginar tanta história um andar abaixo do glorioso templo de Kazordoon? Nem mesmo o culto Avalanche poderia. Jamais tivera a ousadia de atravessar a tal porta no fundo do templo que pouco conhecia. Tudo que sabia dali ouvira de amigos ou histórias que contavam em mesas de bares ocultas em Thais. Agora se dava conta que estava cometendo uma infração atrás da outra, coisas que ninguém em sã consciência faria. Primeiro atacara guardas da cidade e tentara libertar uma prisioneira e agora invadia uma propriedade privada.
Nem em seus sonhos mais loucos pensara que faria uma coisa daquelas. Sentia algo estranho, algo que jamais sentira antes. Um misto de arrependimento pela justiça que obstruíra e prazer por violar as regras. Surgia um novo Avalanche, que há muito jazia adormecido em seu peito. A noção pelo perigo e o medo não existiam mais. O que existia era a excitação pela aventura e a idéia fixa de salvar Chronus, não importava como. Todos seus valores morais e ética estavam mortos e o que havia sobrado era sua nova essência: um ser inconseqüente, sem medo de quebrar as regras. Ele havia se tornado tudo que era contra.
- O que fazemos agora? - Perguntou o ofegante Henry, deitado com o braço largado sobre a barriga ao lado do corpo. Encarava Ava com certa apreensão, como se não reconhecesse aquele que estava à sua frente. Sentiu um clima tenso e só de olhar para o amigo percebeu que a única coisa que lhe importava era salvar Chronus. Para ele era o mesmo, mas com mais urgência. Por tantas viagens nutrira um sentimento maior que a amizade pela amiga e nunca tivera coragem de contar. Era irônico, o mais corajoso dos cavaleiros tremendo de medo em revelar seus sentimentos. Já não se reconhecia mais. Sentou-se e quebrou pela segunda vez aquele silêncio tão desconfortável - Olha, também quero salva-la...
Lembrou-se de suas mais loucas fantasias. Lagos refletindo a luz do luar, a grama verdejante molhada com o orvalho das manhãs, a noite gélida com os ventos uivantes e as estrelas prateadas a brilhar, as cascatas espatifando-se nas pedras musgosas... Cada paisagem bela lhe lembrava Chronus. A mais bela das borboletas, a mais exuberante das flores, a mais dourada das manhãs de sol... Tudo era ela. Não importava como, ele iria salva-la. Em nome de seu sentimento, em nome de tudo que viveram e daquilo que viveriam. Era em nome do amor que sujaria o próprio nome e cometeria os mais hediondos e imperdoáveis crimes. Ergueu-se e desceu a escada, carregando o corpo nos ombros. Ava nada disse, apenas baixou a cabeça e desceu atrás dele, pensando no que faria em seguida.
A sala abaixo do templo era diferente de tudo que ele já imaginara. Estátuas de pedra empoeiradas e decoradas com teias de aranha que desenhavam no ar as mais belas formas jaziam entre pilares de mármore reluzentes que se erguiam imponentes sustentando o templo acima. Cada estátua havia sido habilmente esculpida por um grande mestre, cada detalhe e cada forma transformavam aqueles blocos de pedra em figuras vivas de seres mortos. Aqueles guardas os fuzilavam com seus olhos penetrantes e ameaçavam com suas armas: machados, clavas e lanças. A dança de arquitetura encheu os olhos dos dois, que por breves segundos se esqueceram de tudo enquanto olhavam os fantasmas sólidos de um passado. Em frente às estátuas, blocos de mármore mostravam belas peças de ouros, que juntas formavam nomes e títulos.
Henry soltou uma exclamação de admiração, mas logo disse algo referente à parede mágica. Ava não deu importância, pois olhava fascinado para os nomes nas placas. Grande heróis, personalidades que quando partiram levaram lágrimas consigo. Filhos do fogo e filhas da terra agora jaziam ali, junto à lava e a terra fofa que irrompia de rachaduras nas paredes de tijolos quebrados e perfurados com nichos profundos. Uma sala em ruínas, mas forte como o valor histórico e sentimental que transmitia. A plenitude de espírito de andar por aquelas pedras cuidadosamente alinhadas naquele chão sujo era tanta que os problemas se esvaíam.
Mesmo assim, pisava cautelosamente pelo chão. Não queria sujar-se nas impurezas de um lugar que não era limpo há muito tempo, mas sua face erguida que admirava as estátuas não lhe permitia desviar-se. Henry, que já havia saído do transe, encarava o amigo com certo pavor nos olhos.
- Podemos sair daqui logo? - Questionou, arrumando o corpo nos braços. Ouviu um estrondo e escondeu-se atrás de uma estátua. A parede havia sumido e os guardas estavam descendo. Todo seu mundo veio abaixo e a magia da sala acabou revelando um lugar apropriado para morrer. Todo o esforço deles seria em vão se Ava não se desce conta que meia dúzia de anões fortemente armados estavam com a expressão mais sanguinária possível parados na escada, prontos para matar.
Sentiu-se pronto para explodir, queria pegar a espada e lutar, mas temia que não fosse capaz de vencer tantos guardas. Mas não era hora para aquilo, precisava defender seu amigo que naquele momento estava totalmente hipnotizado pelas figuras. Abandonou o corpo ao lado de um dos pilares e empunhou a espada, saltando no meio da sala.
- Querem uma lasquinha de mim? VENHAM PEGAR!
O berro fez Ava despertar e virar-se para ver a cena. Só ai percebeu onde realmente estava: numa câmara funerária. Parecia que tudo ia os empurrando para a morte. Sentiu o novo Ava murchar perante o medo da morte e tremeu, pensando em se encolher em um canto e esperar ser decapitado. Mas resistiu. Resistiu por Chronus. Fulminou os guardas com seus olhos com o medo disfarçado e apontou a mão na direção deles.
- Libertem Chronus ou sofram.
Eles riram.
- A essa altura ela já está em Dwacatra - Disse o mais alto deles.
Tudo acabou. Dwacatra! A ilha em meio a lava mortal no subsolo extremo daquele maldito vulcão. Um lugar de onde ninguém fugia, um lugar onde não há retorno. Sentiu-se morrendo lentamente, caindo eternamente por um poço sem fundo, no qual faces chorosas brotavam entre os tijolos sujos. Caiu de joelhos, olhando fracamente para o que dissera aquilo. Se Chronus realmente estivesse em Dwacatra, não haveria chance. Era hora de se entregar e arcar com as conseqüências.
- Ei Ava - Disse Henry firmemente, encarando os guardas - Não podemos desistir dela. Quem te salvou do dragão aquela vez? Quem é a única pessoa capaz de fazer aquele peixinho? Quem é a pessoa mais corajosa e maluca, mas ao mesmo tempo meiga e doce que já conhecemos? A quem devemos nossa razão de existir?
O medo, a depressão e tudo que o jogava para o fundo do poço sumiram com aquelas palavras. Não podia desistir, nem que precisasse invadir Dwacatra, matar o imperador, mover céus e terra. Ele livraria Chronus. Se era culpada ou inocente não importava. Estaria do lado dela para todo o sempre, lutando ao lado dela. Por ela iria ao infinito. Por ela mataria aqueles guardas.
- Chronus - Voltou a estender a mão. Falou sério e calmo, sem gaguejar ou ao menos se dar conta do que saía de sua boca - Vão se foder. Exevo Tera Hur.
Milhões de raízes venenosas e podres arrebentaram o chão e as paredes, avançando com os guardas com suas folhas cortantes. Entraram em suas bocas, olhos e ouvidos, explodindo suas cabeças e perfurando suas armaduras. Conheceriam a morte de uma maneira vil e sem coração, morreriam ali, perante seus exemplos. Sangue jorrou pelas estátuas e pelo chão, pedaços de seres que só estavam cumprindo seus deveres explodiram pelas paredes. Armaduras e armas caíram em poças de restos e raízes apareciam e sumiam do nada. A terra traía seus mestres.
- Achei que fosse mestre no gelo - Disse Henry abismado com a cena. Nunca antes vira aquele Ava matando algum ser, muito menos de forma tão cruel. Era impressionante como o ódio e a determinação transformavam as pessoas. Só ai se deu conta da bomba relógio que tinha ao seu lado.
- Pegue o corpo, vamos embora.
Henry obedeceu e fez menção de sair por uma pequena escada de madeira postada ao final da sala.
- Não - Disse Ava pisando sobre o sangue derramado, ainda sério - Vamos sair pela porta da frente, como heróis.
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Bem, depois de ver a história do Aguini, resolvi editar aqui ocm uma breve descrição da magia Exevo Tera Hur usada no capítulo, pra quem não joga entender.
Ela é uma magia básica de ataque do elemento terra aprendida por druidas. Seu nome é "Terra Wave". Onda de Terra. Ela é teoricamente uma espécie de onda de raízes e coisas orgânicas disparadas da mão do druida contra o inimigo. Pra entender melhor,imaginem um dragão cuspindo fogo. Troquem o fogo por raízes e o dragão por um druida e façam as ráízes saírem da mão dele. Feito, Exevo Tera Hur.