Cap. 4 - Verdadeiro amor.
“O que ele está fazendo aqu...? Merda!!”.
O moreno salpicado de sangue saca fugazmente seu rifle pendurado nas costas, despejando quilos de pólvora e aço numa velocidade frenética em direção a Faye, fazendo-a se contrair nos botões do elevador para se proteger daquela descarga assassina.
Três segundos de um show de faíscas e perfurações na parede à frente de Faye é seguida por um silêncio repentino. Com os ouvidos atentos para captar qualquer ruído estranho, ela mantém seu corpo parado e os canos frios de suas duas pistolas tangenciando seu rosto bem moldado.
“Eu não vou ficar que nem você amigo... Não hoje... E nem para ele...”, reflete admirando o cadáver contorcido no chão do elevador. Um pequeno e singular estalido de metal é percebido por sua audição, fazendo os impulsos cerebrais partirem para seus braços e pernas, movimentando o seu corpo para fora do elevador. Os olhos que viam um defunto qualquer, visualizaram o seu próprio cadáver materializado na granada que saia da mão de Extreme em sua direção. A parábola que o explosivo fazia no ar tornou-se lenta, assim como todos os movimentos daquele instante. Os reflexos anteciparam-se à sua consciência e o braço esquerdo, armado de uma Desert Eagle, levantou disparando. Três tiros, apenas um certeiro. Este, atingiu a granada em cheio fazendo com que estilhaços voassem para todos os lados e uma grande pressão lançasse Extreme a metros de distância. A fumaça negra e a poeira marrom pairava no Hall, delimitando a fronteira visual entre os dois e não dando outra escolha para ela a não ser atirar... Sete projéteis, todos cegos, atravessaram o salão em direção ao homem, acertando apenas concreto e carne morta.
“Vadia!”. Extreme procurava o rifle pela sala, mas só encontra sangue e corpos. Desistindo de tentar achar algo mais poderoso, começou a apalpar com sua mão morena e tatuada, sua própria perna, achando a pistola que ganhara de presente.
- O que você vai fazer com tanto poder de fogo, amigo? – perguntou o vendedor barrigudo, de roupas surradas e com um charuto velho na boca.
- Conquistar a minha rainha, Regis. – respondeu Extreme com um sorriso malicioso na face, admirando todo aquele arsenal no porta-malas de um carro sedâ vermelho.
- Tome. Leve isso também. Aceite como um brinde. – mostra com um sorriso amigável, uma pistola taurus prateada.
Seus pensamentos perdidos no passado voltaram fulminantes quando a fumaça a sua frente começou a dissipar, revelando o vulto esbelto que caminhava em sua direção. Rapidamente, levantou a perna da calça jeans sacando a Taurus que estava em um coldre amarrado em sua canela. Receoso, Extreme Danger disparou o primeiro tiro, que perfurou a nuvem de destroços e o braço esquerdo de Faye, fazendo-a derrubar uma de suas pistolas.
“Filha da p...!!”. A dor perfurante que espetava todos os nervos do braço de Faye Valentine foi ignorada quando o segundo disparo arrancou alguns fios de seu cabelo chanel azulado. Como um veado que foge de uma leoa faminta, ela corre em volta de Extreme, fazendo-o atirar às cegas. Trezes disparos e o barulho de que a munição chegou ao fim em melodia se tornou.
- Funciona!! Eu tenho que matá-la! – seus dedos não paravam de puxar o gatilho e sua voz falhava de tanta fúria. Uma onda de alívio relaxou o corpo de Valentine, que caminhava triunfante em direção a Extreme.
- Não adianta, você ta machucado pela sua própria granada e não tem mais armas que possam te defender. – diz ao chegar perto dele.
- Quem disse? – Pergunta retoricamente e, fugazmente, ataca as pernas dela com um punhal que estava em sua cintura. Ela porém, se esquiva com um pulo para trás e chuta a arma branca para longe.
Pensando no inevitável, ele olha para ela e confirma mentalmente que valera a pena escolhe-la como sua Rainha. Seu corpo exuberante vestindo um short e uma camisa curta amarela, totalmente provocantes e que só realçam suas curvas, consegue despertar os instintos de qualquer homem. Um pequeno sorriso de satisfação brota em seu rosto nos minutos finais, quando a glock já esta apontada para sua cabeça e o dedo dela já prensa o gatilho de metal. As duas últimas balas da pistola vão certeiras no alvo, fazendo-o berrar de dor. A cabeça dele continua intacta, porém jorra sangue de seus dois joelhos. Ele abre seus olhos e não acredita que ainda vive, que sua amada teve piedade dele.
- É melhor você viver, - comunica Faye Valentine friamente. – assim eu não levo a culpa de tudo...
Não há respostas ou pedidos de clemências da parte dele, apenas o baque de seu tronco sorridente se recostando no chão para descansar de tudo aquilo.
Generoso, ele diz:
- Não precisa se preocupar com câmeras de segurança ou comigo, eu vou voltar para cadeia... Finalmente consegui seu amor.
Desconfiada, ela olha para o computador da recepção e reluta em se certificar de tudo aquilo mas, já era tarde, as autoridades deveriam chegar a qualquer momento e o sangramento de seu braço só piorava.
Sem olhar para os inúmeros corpos ou para Extreme Danger, Valentine pula fora do Hotel Towers Le Grand numa corrida incessante até a RedTail. No caminho, as únicas coisas que percebe são as sirenes das viaturas e o barulho das naves policiais cortando o céu em direção as torres.
“Obrigada.”, pensa com um pouco de remorso subindo sua garganta.
* * *
Marte. Algumas horas depois.
- Senhor. Nossos enviados especiais de Vênus mandaram noticias nada boas... – fala o homem receoso.
Vestido com o uniforme tradicional negro, o homem encontra-se ajoelhado no meio do salão de tapeçaria vermelha, iluminado por apenas uma lâmpada que revela o símbolo, em forma de escudo, dos Red Dragons – um dragão vermelho dentro de um circulo amarelo detalhado. O salão retangular possui entradas de portas duplas em três paredes e uma escadaria de madeira, com os degraus revestidos com o mesmo material do resto da sala. Esta escada se bifurca na sua metade, criando duas outras que vão até o chão, formando um “U”.
A silhueta de um homem é vista nessa bifurcação. Com mais ou menos 1,93 de altura, seu rosto e corpo são cobertos pela sombra, deixando a vista somente os seus braços esticados que seguram o corrimão a sua frente. Um desses é visivelmente mecânico, refletindo a única luz do grande aposento e dando um fio de medo ao mensageiro insignificante.
- O grupo inteiro foi assassinado por duas pessoas... – continua o homem ao perceber que não haveria respostas de seu chefe. – E uma dessas pessoas também assassinou sua esposa.
A única reação visível foi a de sua mão mecânica apertar com mais força o corrimão de madeira, amassando-o. Um silêncio mórbido se seguiu e o coração do mensageiro começou a acelerar com medo da reação que seu chefe poderia tomar. Este, largou o corrimão e começou a subir as escadas.
O homem, ajoelhado e apreensivo, pergunta:
- O que devemos fazer, senhor?
As passadas pesadas nos degraus de madeira ecoam por toda a sala vazia, aumentando a tensão da conversa. Estes passos cessam quando o gigante de quase dois metros chega ao topo da escada e, de forma seca, responde:
- Mate. Os dois.
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