Capítulo 7 – O Encontro - Parte 2
Uma residência sem luz, sombria... Uma casa gélida, arrepiante... Não vejo nada, ando a esmo pelo domicílio, com medo... Chego em um cômodo, uma cozinha talvez, só com a pia, mais nada. Ouço passos. Passos atrás de mim. Viro-me, tento enxergar algo no meio daquela escuridão, mas nada vejo... Continuo a andar, não sei para onde.
Mais passos... Fico apreensivo, fora de si, e saio correndo para fora da casa... Não olho para trás, só saio correndo tentando encontrar a saída. Acho a porta por onde entrei, vou em direção a ela... Onde está a porta? O medo me domina... De repente, vejo um vulto do lado de fora, que pude enxergar pela janela do cômodo. Entro em pânico, não sei o que fazer... Saio mesmo assim? Talvez se eu correr bastante chego ao carro a tempo... É, farei isso. Abro a porta, preparo-me para sair... Tento, mas... Mas...minha cabeça, dói... Algo, ou alguém, me atinge na cabeça. Ponho minha mão nela, sangue escorrendo... Caio no chão, desnorteado. - O que foi isso? – Digo, quase perdendo a consciência - Antes de desmaiar por completo, vejo dois homens, não, quatro, vindo em minha direção... Dois me pegam pelos braços, enfiam algo em minha cabeça, um capuz, não sei, e o prendem em meu pescoço... Sou levado para fora, acho, sinto mais frio do que antes... Ouço o ruído de um motor, motor de carro, e me colocam dentro dele...
- Oi, Rafael, vamos dar um pequeno passeio...
Desmaio...
...
Acordo, com os solavancos que o carro dava pela estrada. Várias perguntas se passavam pela minha cabeça: Para onde estavam me levando? Quanto tempo fiquei inconsciente? Mas a principal, e mais importante: Minha família, será que estão bem? Queria saber...
Tento falar alguma coisa. Minha voz sai fraca, mas consigo perguntar:
- Aonde estão me levando? E minha família, o que fizeram com elas?
- Um pergunta de cada vez, Rafael. – Reconheço a voz, foi com quem conversei no celular – Sua família nesse instante está jantando, de acordo com Ícaro, que está os vigiando. Depois você saberá quem é... O lugar para onde está indo não é de seu interesse, mas é um lugar bem... Tranqüilo. Mais alguma pergunta?
- Não... – Minha cabeça ainda latejando de dor me impede de continuar a falar qualquer coisa.
Uma hora depois, o carro pára. Me tiram de dentro dele, e em seguida arrancam-me o capuz que cobrira minha cabeça durante todo o trajeto. Só mato se via pelo local, até onde a vista poderia alcançar. Vejo apenas um casarão, uma fazenda talvez, ou sítio, não sei, só tinha noção de que não era mais São Paulo, não a capital...
- Bem, vamos entrando – Diz aquele homem. Finalmente vejo sua face: Era calvo, com um nariz de tamanho desproporcional...
Um homem aponta uma arma em minha direção, mostrando o caminho que tinha de seguir. Não sei que arma era, nunca tinha visto uma de verdade, só em filmes... Idiota, não importa que tipo de arma é, mas sim que está apontada para você!
Adentramos no casarão. Escuro, como sempre... Mas acendem as luzes do lugar, mostrando que ninguém morava lá há tempos... Tudo empoeirado, quebrado... Vão para uma sala, enorme, bonita se fosse bem cuidada, e me jogam em um sofá, sujo e todo rasgado...
- Bem, antes de tudo, deixa eu dizer nossos nomes, por que afinal, podemos ser bandidos mas somo educados – Diz o tal homem careca, que parecia ser o líder do grupo. – Meu nome é Marcos. – Aqueles dois ali são Rodrigo e Júlio, ou Júlio e Rodrigo, não sei, sempre confundo – E aponta para dois homens, corpulentos, gêmeos, que estavam bloqueando a saída da sala – E esse é Arthur – E seguindo a direção para onde sua mão apontava vejo um homem de cabelos longos, que iam até metade de suas costas, e vestia uma camisa do Iron Maiden, junto com uma velha calça jeans... Um típico roqueiro.
- Ainda tem o Ícaro, rapaz formidável, um gênio em computação. Mas está ocupado nesse instante, vigiando sua bela casa...
Sinto raiva de suas palavras, mas seria insano de minha parte fazer algo a respeito...
- Bem, chega disso. Vamos direto ao que nos interessa. Já deve ter descoberto o que queremos, não é?
- Querem... Dinheiro? – Chuto, mas parecia ser o mais óbvio.
Isso! Rafael, é mais esperto do que pensei!! Mas sabe que dinheiro queremos?
- O-o meu? – Respondo, assustado, enquanto que ele levava tudo na brincadeira, me olhando como se fosse uma criança...
- Não, não, meu jovem. Você pode ter uma boa vida, mas não é para tanto. O banco em que você trabalha, ESSE é o nosso alvo.
- O banco? Vocês vão assaltar o banco?
- Sim! – Responde, com euforia – E você irá nos ajudar, fará
“parte” do grupo.
- Mas, mas eu não posso ajudar ou fazer nada!
- Rafael, larga de bancar o idiota, não minta. Acha que não sabemos muito bem que você é o gerente do banco, e assim tem parte da senha do cofre principal? Acha que tivemos a idéia desse assalto agora, do nada? Há meses planejamos tudo, lhe vigiamos, descobrindo cada horário seu, cada hábito, cada lugar que vai, você e sua família. Enfim, sabemos de tudo sobre vocês!
- Mas por que eu ajudaria vocês a assaltar o banco onde EU trabalho? – Digo, tentando por firmeza na voz, querendo dar a impressão de não estar nem um pouco surpreso, o que não era verdade...
- Ah Rafael, você ama sua família, não seria trouxa a ponto de colocá-las em risco por causa de um dinheiro que nem seu é. Seria? Eu sei que não.
- Bem, tem razão...
Do que estou falando? Estou concordando com ele?
- Eu sei que tenho. Por isso que vai nos ajudar no serviço, depois disso, nem nos verá mais, nunca mais. E pode até sair ganhando um pouco no meio disso tudo.
- Na-não sei, não está certo... – As palavras somem de minha mente.
- E o que é certo hoje em dia, Rafael? Tem apenas vinte e três anos, não sabe nada da vida. A quantia em dinheiro que você poderá ganhar nos ajudando é mais do que receberia em anos de trabalho na merda daquele banco. Pense bem. Além disso, sua família não ficaria sabendo de nada, nem “sofreria” nada.
- Mas...
- Mas mais nada, rapaz. Te darei um prazo para pensar bem no assunto. Se aceitar, lhe diremos como será o plano. Se não...
- Marcos, meia-noite já, cara... – Avisa Arthur ao chefe, que fungava algo, um cigarro ou outra droga qualquer, interrompendo seu falatório.
- Pois é, Rafael, hora de voltar para casa, não queremos que você brigue com sua mulher, né? – E ri, seguido pelos demais comparsas – Vamos, Rodrigo, Júlio, peguem-no de volta.
Os dois me levantam do sofá, e põem de novo aquele horrível capuz sobre minha cabeça. Saímos do casarão, me colocam no banco de trás do carro, no meio dos dois gêmeos. Fazemos o caminho de volta, em silêncio, a não ser pelos dois irmãos, que hora ou outra discutiam sobre algum assunto fútil...
Duas horas depois, chegamos ao local de partida, Jardim Ângela. Tiram o capuz de minha cabeça, um alívio, e me jogam grosseiramente para fora do carro.
- Bem Rafael, espero que faça a decisão certa. Se bem que, ao mesmo tempo em que você tem a escolha de aceitar ou não o “serviço”, caso recuse, já sabe o que vai acontecer com você e sua família.
- Eu sei...
- Sei que sabe – Replica, com um tom irônico – Bem, vamos indo, entraremos em contato com você em breve. E cumprimente Ícaro quando chegar em casa, você o verá direto...
Ligam o veículo, e vão embora. Nem a placa do veículo pude ver para anotá-la, estava pichada...
Entro em meu carro, estava do mesmo jeito que eu havia deixado, incrível como ninguém roubou ele num bairro como esse. No caminho, penso, ou tento ao menos: “E agora?”. Não sabia como eu poderia sair dessa enrascada, não sabia como poderia pedir ajuda tendo alguém em meu encalço, me vigiando o tempo todo. Não sabia se, mesmo que eu os ajudasse no assalto, deixariam eu e minha família vivos depois. Não sabia.
De nada.
Chego em casa, todos dormindo. Comida em cima da mesa, como Paula havia dito. Deixo de lado, não tenho fome depois de tudo que aconteceu. Minha cabeça rodopiava, com pensamentos incessantes em minha mente que eu não conseguia tirar... Vou direto para cama, com Paula dormindo profundamente, vestindo um robe rosa, que a deixava magnífica, sexy. Pela janela do quarto vejo um carro parado do outro lado da rua, talvez seja um deles. Canalhas...
Tento dormir, Amanhã é outro dia. Amanhã, arranjarei um jeito de sair disso. Amanhã...
Não tenho opinião sobre essa parte, pra mim ficou "mediano", mas...sugestões, criticas, e bla bla bla...são bem-vindos o/. Só não sei quando continuarei, vou ficar sem PC por um tempo, ele tá todo ferradão =x...
Dard*