Dicas: Fazendo uma história sobre Tibia.
Dicas: Fazendo uma história sobre Tibia.
Desculpem-me a ousadia de pensar que posso fazer algo que sirva para todos se guiarem. Mas eu realmente acho que as histórias que falam sobre Tibia neste fórum têm alguns grandes buracos que precisam, mesmo que superficialmente, serem preenchidos.
Tive essa idéia quando percebi que um dos principais “erros” ocorridos nesta seção é que as pessoas encaram suas histórias sobre Tibia como um jogo, o que é completamente errado. Qualquer um que entre no jogo de Tibia pode perceber que aquilo não é a realidade normal da história.
Como poderiam as pessoas viver em uma sociedade a matar monstros a qualquer custo para conseguir dinheiro e equipamentos melhores? Seria mesmo esse o melhor caminho?
Será que as pessoas matariam apenas por diversão?
Será que aquele povo não tem uma cultura? Deuses a quem amam e respeitam?
Temos que encarar Tibia como um mundo onde pessoas vivem ao escrever sobre ele. E não como o joguinho que jogamos – ou jogávamos – há muito tempo.
Começando.
Como eu já falei, acontece que muitos dos que escrevem histórias sobre Tibia não percebem que refletem nelas um mundo sem alma. Onde só existem dados de deuses que fizeram isso e monstros que habitam determinado lugar, tudo isso junto a uma cidade que fica ali e outra aqui.
Meu primeiro conselho é que tentem analisar a situação como se fossem vocês lá, vivendo um mundo medieval onde as leis se limitam aos muros das cidades e os tesouros podem estar enterrados logo detrás da árvore onde você está encostado. Mas, que acima de tudo, as pessoas duvidam disso.
Por quê?
Vamos tentar analisar.
Creio que todos vocês já ouviram falar que quando a coisa parece fácil demais é difícil de se acreditar nela.
Então, será que as pessoas acreditariam que poderiam conseguir tesouros e sairiam de suas casas para arriscar as suas vidas tentando consegui-los? Eu acho que não seriam todos não.
Por quê?
Primeiro:
Você estaria deixando tudo para trás. Sua vida, família, amores, dinheiro. Tudo para levar uma mochila nas costas e uma espada nas mãos, apostando que voltaria com muito para casa.
Isso é algo duvidoso, pois mesmo que pareça fácil no jogo é algo difícil de e fazer na vida real. E nós queremos que nossas histórias pareçam o mais real possível. Então temos que analisar esse fato.
Segundo:
Se vocês observarem há uma seqüência de leveis no jogo – Grande coisa, você pode dizer, até um retardado mental sabe disso. Ainda bem (ou não... coitadinhos dos retardados =/) que você pensa assim. – Então você sabe que quanto mais alto o seu nível, mais forte você se torna. O nível sobe conforme as experiência e habilidades, e ele determina quão intensos são seus atributos e, ainda mais, suas próprias habilidades.
O que acontece é que com o power game que invadiu o jogo nós deixamos esses dados que estão listados acima escaparem um pouquinho da nossa mente, ou pelo menos ficarem camuflados lá como algo insignificante.
Mas se você prestar atenção no jogo verá que a alguns anos atrás, antes dessa terrível doença invadir as terras tibianas, haviam muito poucos personagens de nível cem. E eu não falo a cinco ou dez anos atrás não, são coisas de dois anos ou menos.
Foi aproximadamente ano passado que eles começaram a surgir, os personagens de nível cento e cinqüenta. Depois os de nível duzentos, e agora, neste ano, os trezentos.
Mas isso é conseqüência do power game (power game = vida anormal. Então, fora da história, por enquanto xD) . Então, vamos voltar aos antigos tempos Roleplaying.
Se você observasse, veria que a maior parte dos personagens era de nível vinte ou coisa parecida. Havia outros, mais fortes, que estavam entre a margem dos quarenta. Poucos estavam no nível sessenta, e ainda menos, na casa dos oitenta. Ora, e somente Boble (me perdoem, mas eu não lembro como se escreve), somente lendária Boble estava na casa dos cem.
Então, você vê que a vida normal era bem diferente. E poucas pessoas possuíam a habilidade de se tornarem “bons exploradores”. Pessoas que sairiam em aventuras e não morreriam, mas retornariam ricas e famosas. Verdadeiros loucos que arriscavam suas vidas em uma ilusão, que por acaso daria certo certo.
Se você olhar nos livros encontrados no próprio jogo verá que há mais indícios que a vida não era assim, tão fácil no mundo de Tibia.
Há um homem que publicou uns manuais de aventuras (ver tópico: Roleplaying e suas cartas, na subseção conjugada a de histórias, também na seção roleplaying.), e eles mostram como alguns aventureiros descuidados morreram em aventuras, digamos, insanas – isso reforça o fato de que na história, as pessoas preferiam viver suas vidas normais em casa xD.
Ele fala de um homem que morreu para um terrível troll - ¬¬ um troll, você diz. Eu digo: Sim! Um troll. Ou melhor: um “TERRÍVEL” troll.
Veja como os perigos são bestas comparados ao jogo. Afinal, não eram todos que conseguiam matar “terríveis trolls”, nem suportar venenos, que no joguinho apenas tiram, no máximo, e de um personagem de nível baixíssimo, vinte e cinco pontos de sua vida.
Então, vamos tentar construir aqui uma pequena tabela de níveis no jogo e o que seriam os níveis nas histórias.
Citação:
Nível 10
Representação no Jogo:
Um guerreiro insignificante. Este personagem apenas luta com trols e alguns tipos de orcs, entre outros monstros mais fracos.
Representação na história:
Uma pessoa normal. Que tem suas habilidades com a espada, vive sua vida pacata, e simplesmente pode se virar em grande parte das situações de perigo em que um cidadão comum pode viver. Ele não procura aventuras, mas talvez as aceitaria se pulassem em seu caminho.
Nível 20
Representação no Jogo:
Um personagem comum. Grande parte dos jogadores possui esse nível. Reflete apenas o caçador de rotworms e minotauros. Alguém afim de juntar um dinheirinho pra comprar uma armadura ou arma melhor.
Representação na história:
Um aventureiro. Alguém que está disposto a percorrer o mundo a busca de uma aventura, e que certamente morrerá nela. Pois o mundo geralmente é bem mais do que esses personagens imaginam, e os desafios que pareciam fáceis se mostram bem mais difíceis.
Nível 30
Representação no Jogo:
Um caçador de pequenos tesouros. Capaz de matar um forte orc com facilidade, e até mesmo os mais poderosos dos minotauros e elfos. Ele não é muito forte sozinho, mas com um ou dois amigos pode entrar em algumas pequenas aventuras.
Representação na história:
Um aventureiro mais consciente. Ele sabe aonde vai e dificilmente se põe em perigo. Este guerreiro poderia enfrentar monstros que poriam medo na maior parte das pessoas, e mesmo assim, prefere não se aventurar a sós pelo mundo, pois sua experiência lhe ensinou que ele possui mais segredos do que aparenta.
Nível 40/50
Representação no Jogo:
Um personagem relativamente forte. Matador de dragões e outros seres poderosos. Ele vive muitas aventuras, embora ainda tenha um bom grupo em quem confia.
Representação na história:
Um guerreiro conhecido em sua terra e cheio de histórias para contar. Suas aventuras certamente terão um grande acervo de coisas intrigantes para qualquer um que as escutem. Poucos chegam a ser tão fortes na vida real. A matar dragões e até mesmo as grandes aranhas gigantes.
Nível 60/80
Representação no Jogo:
Um personagem que geralmente caça só, embora ainda se reúna com velhos amigos para fazer algo especial e conseguir um pequeno tesouro facilmente.
Representação na história:
Facilmente um herói. Um grande guerreiro que reuniu tesouros e procura gozar a vida de onde parou. Seus serviços podem ser contratados ou não, para proteger um grande rei ou coisa do tipo. Mas ele prefere desfrutar de sua glória a viver novas aventuras.
Nível 100/150
Representação no Jogo:
Mata quase todos os seres sem nenhum problema. Somente alguns boss ou coisas do tipo poderiam derrubar este personagem. – u talvez uma noobada da p***a também.
Representação na história:
Poucas pessoas chegariam a ver o que ele viu. Suas aventuras certamente várias lendas, e poucos acreditam nelas, ou até mesmo que ele existe. Alguns até duvidariam se o vissem, e provavelmente seria motivo de chacota. Isso ocorreria mesmo que ele escolhesse o anonimato, pois seus feitos são demais lendários para serem escondidos.
Nível 200/300
Representação no Jogo:
“O cara”. Ele mata qualquer coisa, e só precisa de alguns amigos para matar um boss dos mais poderosos ou coisa assim.
Representação na história:
Porque você não põe logo um deus na sua história heim?!
Assim você percebe o primeiro fato das histórias baseadas em Tibia:
Não são todos que sonham com aventuras. Apenas alguns loucos que resolevm acreditar no que ninguém mais acredita.
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Outro ato marcante nas histórias medievais são os exércitos. Assim você realmente pode ter um guerreiro poderoso e que matou dezenas de pessoas sem que ele fique muito fantasioso, afinal nas guerras milhares morrem ^^.
Em exércitos, seus guerreiros mais experientes tomariam lugares mais privilegiados. Onde um personagem que refletisse um nível trinta ou quarenta seria facilmente um capitão, ou quem sabe até um general.
Acontece que esses postos são ocupados por exceções nas histórias. Onde um personagem que conseguiu fama os ganha em um momento de necessidade.
Há também o exemplo do homem que realmente desenvolveu habilidades notáveis no exército. Ali, ele ganhou a confiança dos seus homens e virou um grande comandante. Vemos isso facilmente em “O Gladiador.”
Podemos usar também o exemplo do guerreiro que possua habilidades muito especiais, mas que sua posição é de um soldado normal. Ele certamente terá amigos que o seguirão aonde ele for, pois ninguém consegue as coisas sozinho, ma ele é influente e aclamado. Vemos isso claramente em “Tróia”, com o Aquiles.
Vejam como os exemplos são comuns. Os filmes que nós vemos nos nossos dia a dia refletem claramente as histórias que o mudo viveu, que o mundo de Tibia vive. Mas observe também como são diferentes das histórias que vivemos no jogo, brutas, sem lapidação.
Para compararmos as histórias ocorridas no jogo temos que ter uma boa, mas muito boa, interpretação e adaptação delas. E isso é muito difícil de se fazer, caso você queira torná-las realmente atrativas.
O melhor exemplo que eu já vi aqui no fórum foi a história do Kaoh, “O Sangue de Crunor”. Se você observar ela fala claramente da real batalha que acontece no jogo. E não é “homem x demônio” ou coisa do tipo. Mas sim, “homem x homem”. (nada contra histórias de demônios xD)
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Outra coisa que deveria ser comparada com os leveis são os equipamentos. Personagens de nível fraco precisam trinar, e mesmo que eles sejam riquíssimos e comprem uma armadura de ouro, eles não irão sair por ai com ela sem que precisem. Esses equipamentos refletem batalhas gloriosas, e guerreiros lendários.
Vamos fazer uma outra pequena tabelinha aqui, desta vez para refletir os equipamentos.
Citação:
OBS: Os equipamentos devem ser considerados em sets completos – dificilmente alguém usaria um set avulso na vida real.
Equipamento:
Armadura de malha (scale armor)
Representação no jogo:
O básico. Ninguém sai para cassar nem mesmo um troll com ela.
Representação na história:
O essencial. Usado pelos aventureiros mais simples e soldados de exércitos não muito fortes. Ela é simples, mas lhe protege do básico.
Equipamento:
Uma armadura completa (plate set.)
Representação no jogo:
Ela é muito fraca, mas dá pro gasto.
Representação na história:
Ela protege todo o seu corpo, embora não seja muito bonita. Mas boa parte dos guerreiros prefere não usá-las, afinal, sua habilidade é o que mais conta na batalha, e ela limita seus movimentos.
Equipamento:
Um Crown set
Representação no jogo:
Bom, mais ainda dá pra ficar melhor.
Representação na história:
Uma armadura de um herói. Uma leda vestiria essa armadura, um guerreiro proclamado e respeitado. Certamente ela é mais leve que a plate, e também mais flexível, o que não o atrapalharia na batalha.
Equipamento:
Uma armadura de ouro (golden set – com o helmet e boots, mas não na parte do jogo, muito raro.)
Representação no jogo:
Muito bom, mas ainda não é o bastante.
Representação na história:
Apenas os guerreiros mais ricos a possuem. É mais vaidade do que proteção, já que o ouro é um metal frágil e pode ser danificado facilmente. Certamente magos a usariam por debaixo de suas capas mágicas, e a magia estaria presente nela também, pois para batalhas físicas é ilógico.
Equipamento:
Uma armadura de escamas de dragões.
Representação no jogo:
Muito boa, e ideal para personagens fortes, mas veja que algumas partes já são quase impossíveis de serem obtidas.
Representação na história:
Esta armadura é para a lenda das lendas. Apenas um grande e poderoso matados de dragões a teria. E ela não iria ser achada no meio dos corpos, mas antes, ele teria de conhecer da magia mais arcana que se possa imaginar, ou conhecer alguém que a faça, e ter um grande valor para garantir que esta pessoa a faria. Afinal, os magos e seus segredos são pessoas difíceis de se lidar.
Equipamento:
Uma armadura encantada (magic plate armor)
Representação no jogo:
Ta bom, acho que pode parar por aqui ^^.
Representação na história:
Igualmente difícil de se conseguir. Poderia ser um presente de um deus, eles fazem muitos desafios. Ou um presente de um mago muito, mas muito poderoso.
Equipamento:
Uma armadura dos demônios.
Representação no jogo:
Pode beliscar que eu to sonhando O.o
Representação na história:
Realmente um sonho. Talvez se você conseguisse bolar um enredo muito bom, aí você poderia acrescentar essa armadura, e olhe lá, o guerreiro que a usar não pode ser qualquer um não! viu?
Acho que deu pra dar uma idéia.
Quanto às armas que eu não pus, eu creio que da pra ter uma noção pelo nível das armaduras que eu pus, o mesmo quanto aos elmos e coisas do tipo.
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Por último, pois eu já falei demais, e por sinal, o ponto mais importante, a visão do povo de seus deuses.
Quem já estudou as sociedades clássicas sabe que os deuses era tudo para o povo antigo. E adivinha, Tibia se encaixa no perfil teológico destas sociedades.
Então quando escrever uma história preocupe-se muito em por deuses por aqui e ali. Despeje lendas e coisas do tipo. Pessoas devotas a alguma divindade e se possível as próprias divindades, pois elas podem se encaixar bem na história.
Mas é muito importante que você não subestime isso. As divindades são o centro das atenções, das festas, e tudo o mais. Então tomem cuidado e façam isso com cautela.
Bom,
Espero que tenham gostado, e que isso ajuda a todos.
Se alguém tiver algo que julgue necessário para o melhoramento do tópico, por favor, poste, terei prazer de acrescentar caso ache necessário.
Qualquer report de erro ou coisa do tipo também será bem vindo ^^.
Obrigado,
Euronymous.
:cool: :cool: :cool:
.:Edit:.
Se todos gostarem posso ver se consigo que fizem o tópico.
Até mais.
