Capítulo novo e índice atualizado.
Divirtam-se... :)
Capítulo 2 – O presente de Seymor.
Os dias que se seguiram foram difíceis, Argos então percebeu que a sua vida realmente havia começado quando completou doze anos e seguiu para a ilha. Sua mãe agora não poderia ajudá-lo e ele demorou a perceber.
Na semana seguinte após terem chegado à ilha Argos já conhecia quase toda a cidade e já havia visto garotos alguns anos mais velhos do que ele, porém com uma habilidade muito grande em relação à arma que usavam e isso lhe deu ânimo para começar a treinar o mais rápido possível, se tornando um orgulho para sua mãe assim como era seu pai. Sim, seu pai... Nada lembrava dele, sua mãe apenas dizia que ele havia ido embora para lutar pelo Rei de Thais. E assim ele cresceu, vendo seu pai como um herói que lutava contra as mais poderosas criaturas, um herói de honra.
Argos gostava da ilha, apesar de ainda não estar pronto para desafiar as criaturas que viviam nela. Foi em um dia desses, em que ele caminhava pelo centro da cidade vendo guerreiros que comerciavam suas armas, que o bom monge o chamou a atenção:
- Olá pequeno Argos! – Cipfried se aproximava sorrindo, enquanto fazia um cafuné nos cabelos bagunçados do jovem.
- Bom dia senhor monge! – sorriu o jovem.
- Então, como está seu treinamento? – Cipfried questionava o garoto mesmo sabendo a resposta, Argos era um jovem que aparentava ser tímido. Desde o dia que havia chegado ele foi se acostumando com o novo ambiente e as pessoas com quem ele teria que conviver, e Cipfried sempre o chamava para conversar quando o via.
- Err... Ainda não tive tempo senhor! – sorriu e coçou a nuca – Mas logo irei me tornar forte, assim como meu pai.
- Tenho certeza disso meu jovem. – o monge retribuiu o sorriso e se retirou, caminhando de volta para seu templo de onde avistaria os novatos que chegariam pelo mar.
Nos dias seguintes após a conversa com Cipfried, Argos foi contagiado pelo pensamento positivo que um diria seria tão poderoso como seu pai e decidiu começar a treinar, embora não tivesse a mínima idéia de como faria isso. Talvez o bibliotecário da cidade pudesse ajudá-lo, afinal, Cipfried sempre disse que Seymor estava na ilha com o objetivo de ajudar os novatos com conhecimento e ensinamentos de um homem experiente.
Com essa idéia na cabeça, a clava na mão e um saco com alguns pedaços de carne da noite anterior, Argos seguiu firme na direção da biblioteca.
O centro novamente estava muito movimentado, o garoto já estava acostumado com a barulheira do local, e sem chamar atenção chegou à porta da biblioteca, que estava entreaberta. O garoto empurrou-a com a mão desocupada, o saco bem preso à cintura com um cheiro um pouco mal-agradável. Ao olhar o local seus olhos verdes brilharam: pilhas e mais pilhas de livros sobre as estantes, o piso refletia as luzes emitidas pelos candelabros no teto. Andando por entre as estantes chegou a uma pequena sala no fundo da biblioteca, imaginando que seria o escritório de Seymor. Sua mão girou a maçaneta...
- ...mas ninguém sabe onde a garota foi parar, ela estava com um presente que havia recebido do seu pai, do continente. Porém, não deu tempo de eu revista-lo... – dizia uma voz, um pouco apreensivo.
- Como não Dallheim? – ralhou uma segunda voz – Você sabe que tudo que vem do continente deve ser entregue a mim, antes de chegar até a mão dos destinados, não sabe? Cometeu um erro muito grande!
- Me desculpe senhor, a garota havia me prometido que era pessoal. Era uma carta da sua família... Eu tive pena senhor Seymor, me desculpe novamente. – Dallheim se lamentava pelo erro.
- Dallheim, procure na caverna norte, aquela ex-casa que foi abandonada sabe? É pouco provável que aquela menina se arrisque a andar por lá, mas não se sabe o que havia naquela caixa.
- Sim senhor...
Argos largou a maçaneta e deu dois passos para trás, ao ouvir cadeiras se arrastando. Escondeu-se atrás de uma estante enquanto via um homem com armadura negra e saindo da sala de Seymor, o garoto pressentira que havia ouvido demais. Quando o soldado saiu da biblioteca, caminhando até o norte da ilha, Argos bateu a porta de Seymor.
- Sim?
- Posso falar com o senhor? – questionou o rapaz, receoso.
- Pode entrar. – pronunciou Seymor, com a voz estranhamente calma depois da conversa.
- Sou Argos Fall senhor, cheguei há quase dez dias. – disse olhando para Seymor, um homem de cabelos vermelhos e bem aparados. Vestia uma roupa bem limpa, ao contrário de Argos que estava com uma camisa cinza, levemente rasgada. – Acho que estou pronto para aprender tudo o que eu vim para aprender aqui, eu estou decidido.
- Hmm... – murmurou o homem, aparentava ter uns quarenta anos – Então você está pronto. – tornou a murmurar, Argos confirmou com a cabeça – Certo. Mas o que eu posso fazer por você? Ainda não entendi o seu objetivo.
- O monge Cipfried me disse que o senhor ajuda os jovens que vêem para a ilha, então eu que pergunto: o que podes fazer por mim?
Seymor sorriu e ficou algum tempo olhando o garoto de cabelos negros, era pequeno como todos os outros e aparentava estar no auge dos seus doze anos de idade, mas tinha um raciocínio incrivelmente rápido, o que fez o bibliotecário gargalhar.
- Eu sou capaz de adivinhar qual vocação você escolherá quando sair daqui, antes que o faça. – brincou Seymor, tendo certeza do que o garoto seria.
- Senhor, já que sabe por que não me treina? – disse um garoto com veemência.
- O que? – Seymor exclamou, sendo pego de surpresa – Treinar você? Garoto, não sei se ainda não percebeu, mas eu sou um bibliotecário!
- Não precisa esconder suas habilidades senhor Seymor. – comentou o garoto.
- Mas que habilidades? – perguntou – Eu não consigo nem levantar uma espada!
- Tudo bem. – o garoto se virou, caminhou até a porta e a abriu.
- Mas irei ajudá-lo, de outra forma. – sorriu o bibliotecário, e se despediu do rapaz.
Quando Suon brilhava com firmeza no céu azul, em uma bela tarde, Argos batia com firmeza contra uma árvore ao sul da cidade, o suor escorria pelo rosto a cada movimento. Conforme atacava, sua pontaria melhorava e seu controle sobre a clava de madeira era maior. Enquanto treinava ele lembrava da conversa que tivera com Seymor, na manha deste dia: o presente da garota, o perdão de Dallheim, a ajuda prometida...
- Boa tarde, pequeno Argos. – a voz tranqüila de Seymor chegou ao ouvido do garoto, que virou de uma vez para olhá-lo.
Seymor estava parado ali, na rua feita de pedra. Ao seu lado estava um homem alto e robusto, tinha cabelos castanhos e bem cortados. Um bigode espesso e o nariz visivelmente torto. Carregava uma maça, espécie de clava de ferro com espinhos, e um escudo de bronze.
- Assim como prometi que iria ajudá-lo, esse é Donovan Skyhole, seu novo mestre. – apresentou o homem à Argos.
O homem sorriu e confirmou com a cabeça, a maça em sua mão brilhava e no peito de Argos algo avisava que sua aspiração por ser o maior dentre os guerreiros acabara de iniciar, naquele exato momento.
Sem mais;
Asha Thrazi! ;)