Citação:
Tirando a parte do Jacó dar conta de 5 chicanos de uma vez, a ambientação do quarto e a arruaça lembraram bastante o retrato da América decadente que a geração beatnik fazia (Jack Kerouac, William Burroughs, Allen Ginsberg e Bukowski, apesar desse último nunca ter se misturado com os beatniks).
No final não consegui entender se o amigo Jack é que era o responsável pelo caminhão de mudanças e se os chicanos eram empregados do Jack.
@Wu Cheng
Citação:
O personagem me remeteu a um Homer Simpson violento, por isso senti falta de descrições de suas feições. Mas, mesmo assim gostei dele. E já é uma grande vitória ver um personagem tão descompromissado num texto seu.
@Drasty
Citação:
Assim como erros ortográficos e frases desconexas, uma dose de ironia já é carta marcada na obra isaacniana. Ainda não sei se teremos aquelas elucubrações amorosas foolosophycas, mas é legal ver algumas de suas características em uma história que nos poupa do egocentrismo e de graça ainda garante um pano de fundo norte-americano.
Por sinal, aquele Jacó não deveria ser Jacob?
@Emanoel
Citação:
Capitulo II
- Emily! – disse Jack se erguendo quase totalmente na cadeira – Mais uma aqui, right?
Eles haviam se sentado nas ultimas mesas do bar, logo depois das mesas de bilhar. Não era o melhor lugar, mas estavam sozinhos, afinal eram ainda nove da manhã. Nove da manhã, três cervejas, uma porção de fritas e um uísque duplo com gelo.
- Aqui está – disse Emily colocando na mesa duas garrafas de cerveja e mais um copo de uísque.
- Você é ótima, Emily. – disse Jack sorrindo de lado. Emily sorriu, afinal Jack e Jacó eram velhos conhecidos. Não eram surpreendentes essas incursões ao bar de vez em quando, muito menos pela manhã.
- Obrigado, Emily. – disse Jacó sem olhar pra ela, apenas fitando o copo de uísque.
- Ok, garotos. Vou deixá-los em paz. – disse apertando os lábios e olhando o chão – Posso levar? – e assentindo pegou as garrafas e os copos na bandeja e seguiu pelas mesas de bilhar.
Jack ficará observando pelo corredor das mesas Emily, e seu rebolado quebradiço que demonstrava que debaixo daquela saia e avental tinham peculiaridades que ele tanto admirava. Emily não tinha somente cintura, mas corpo. Os cabelos vinham sempre presos num coque, mas que vez ou outra deixavam cair um cacho ruivo de um cabelo sedoso. E ela levava acompanhada do velho Ralf, o bar. Velho Ralf era um caipira, pai de Emily, que costumava ficar sentado numa cadeira de balanço, logo na entrada do bar. Ficava lá, se balançando enquanto fumava o velho cachimbo e vez ou outra se certificando de Morena, sua velha espingarda de madeira que ficava recostada no canto.
- Emily, Emily, Emily... – disse Jack com um sorriso de lado – Mas então, sabe que vai ter que se mudar de novo, não? Ou acha que aqueles latinos vão esquecer assim tão facilmente de uma tacada na cara?
- Eu me viro.
- Você nunca se vira. Te deixar as moscas seria te matar, e eu não conseguiria viver com esse peso na consciência. – dando um gole na cerveja – Sorte sua.
- Você nem tem consciência. Pare de ser melodramático, caralho. – disse Jacó voltando o olhar pro balcão, observando Emily lavar os pratos. Jack olhou na mesma direção.
Jacó apenas bebeu um gole do uísque, olhou seriamente Jack, apertando o copo com mais força que o normal por alguns segundos. Olhou novamente o copo, levantou-se da cadeira e foi andando a passos calmos pra porta puxando a carteira de cigarros.
- Vai me pagar às grades de cerveja ou não? – disse Jack rindo daquilo. Ele se divertia com Jacó principalmente por causa desses casos. – Vou querer hoje à noite, ein? Olha pra mim, filho da puta!
- Jack vai pagar por tudo, até. – disse ele a Emily pra depois puxar um cigarro a boca, acendendo com seu velho isqueiro americano e saiu pela porta com um leve cumprimento no ombro do velho Ralf, atravessando a rua com uma leve vertigem. Poderia dizer que era o uísque, mas bem provavelmente era porque estava andando na rua de samba-canção e com a velha blusa dos yankees no inóspito outono estadunidense.