Não tentei humilhar e não acho que você é meu oponente, Beo. Só constatei que você comete erros que são frequentes em quem se informa apenas por rede social e correntes de whatsapp. Esse é um fenômeno comum e você precisa entender que existem fontes mais qualificadas para que você tente entender do que se propõe a falar, sob o risco de espalhar mentiras e meias-verdades
"Existem vários estudos". Só me mandou um.
Esse estudo do Dr. Didier Raoult é extremamente criticável e foi, inclusive, retirado da plataforma onde foi publicado. Primeiramente, repare no nível de evidência, que está no gráfico que você diz ter "caído por terra", é um estudo feito observação de resultados terapêuticos (2C, no diagrama). É basicamente o seguinte: dou o remédio para os pacientes juntamente com outros cuidados médicos análogos e vejo quantos pacientes saíram com sucesso. Parece bom, né? Só que não muito, a maior crítica ao estudo é a falta de um grupo de controle, outro mesmo número de pacientes escolhidos de forma aleatória que NÃO SERÃO tratados com os medicamentos testados. No final, eu compararia o grupo que recebe o medicamento com o grupo que não recebeu o medicamento. Sem isso, eu não posso indicar que existe relação de causa-efeito entre a administração do medicamento e a cura do paciente, apenas sugerir uma relação. Sugestão que pode virar uma hipótese em um possível estudo de coorte. Nesse estudo que você me mostrou a taxa de insucesso (mortalidade) é baixa? Sim. Mas não temos como saber REALMENTE se isso foi devido ao uso do medicamento ou se foi devido à qualidade do tratamento do hospital que participou do estudo. Sem grupo de controle, não podemos saber.
Perceba, o ideal para um medicamento, mesmo entendendo a situação é um estudo onde você possa, pelo menos, afirmar que existem indicações sólidas de um funcionamento. Ou seja, você precisa de um estudo que faça o apanhado de estudos de coorte com grupo de controle e os compare na maneira estatística (categoria 2A de evidências)
Se você retornar alguma página atrás, postei 2 estudos de coorte e mais 1 estudo de revisão de estudos de coorte e de estudos ecológicos sobre o uso da cloroquina. Nem falarei sobre o estudo da Lancet pois ele está em auditoria por problemas nos dados.
Ainda não existe tratamento que elimine o vírus. Qualquer medicamento que é utilizado visa tratar os sintomas causados pela doença. Nesse sentido, muitos outros medicamentos estão sendo utilizados, desde antivirais, corticoides e anticoagulantes, a antiparasitários, antinflamatórios e analgésicos. Minha sogra foi para o hospital e foi tratada com diversos medicamentos diferentes como Ivermectina, nitazoxanida, suplementação de Zinco, um antibiótico (eritromicina), e um anti-coagulante. Ficou bem, já está recuperada. Não tomou cloroquina porque o risco cardíaco não está claro e ela é cardiopata.
Entenda, não sou contra a cloroquina ou a escolha da pessoa em tomar um medicamento ainda não testado, não torço contra nenhum remédio, quero que qualquer coisa funcione. O que sou contra é o Estado utilizar uma medicação de forma política, como panaceia para fazer a população acreditar que não existe risco na doença. E isso fica mais grave quando acontece através de desinformação e meias-verdades.
Além do mais, existem milhões de medicamentos que não funcionam e não tem evidências que funcionem. Vamos tomar todos eles porque temos que testar de tudo? Deve existir o mínimo critério de evidenciação até para o uso em situações de calamidade.
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O estudo com a dexametasona parece promissor, estudo clínico controlado aleatório, com intervalo de confiança estreito, nível de evidência 1B.
http://www.ox.ac.uk/news/2020-06-16-...-complications
Agora pensa em todo o dinheiro investido em cloroquina que poderia ter ido nesse momento para a dexametasona...