Carta Aberta aos Knights II
Caros Cavaleiros do Tibia,
Foram cerca de 10.000 horas desde a última vez que fechei meus olhos. Ainda posso sentir o cheiro podre da carne de dragão nas minhas narinas e do calor infernal que as poças de lavas da caverna emitia. Éramos 3 exploradores, eu e mais dois fiéis companheiros, magos tão fortes que podiam destruir o mundo inteiro apenas com palavras, mas ao mesmo tempo tão frágeis que uma patada de um Dragão Lorde cheirava morte para eles. E eu ficava no meio. Após meses incrustado na escuridão das misteriosas tumbas de Ankrahmun, eu ressurgi tão forte que nem uma orda de milhares de aranhas gigantes seriam capazes de me derrotar.
Minha maestria com a espada e com o escudo beirava a perfeição. Eu corria feito vento e carregava os equipamentos mais pesados apenas para protegê-los. E era fiel. Sangrava a cada batalha, misturando sangue e lama, gritando palavras mágicas para chamar atenção dos piores monstros encontrados nas profundezas de Askara. Era um cansaço sem fim, só para ter a satisfação de retornar ao sol, cheio de ferimentos, itens raros e fluídos vazios, com a sensação de missão cumprida. E os magos me eram eternamente gratos por isso. Eu era sua fortaleza e escudo, refúgio e salvação. Era capaz de morrer para que eles vivessem. Eu era um cavaleiro de elite.
Mas não foi assim na minha última aventura. Nessa ocasião em que estávamos juntos, fomos surpreendidos por nada menos que dezenas de magos, paladinos e alguns poucos knights. Estranhei rapidamente a aparição, pois eles proferiam língua estranha ao meu intelecto. Não era dos orcs e nem dois elfos, pois ambas eu conhecia com precisão. E isso não era o mais estranho. Eles eram totalmente mecanizados e executavam seus movimentos com tamanha perfeição que eu deduzi que não eram humanos. Apelidei-os de poloneses, pois saudavam incansavelmente proclamando “Hail Polska” o que parecia ser o deus deles. Em uma fração de segundos jorraram explosões de morte súbita nos magos e me encurralaram com paredes mágicas.
Parecia ser o fim, mas resisti durante horas. Meu estoque de poções e habilidade com escudo me foram úteis, mas não fui feliz. Num último suspiro de vida, me entreguei ao cansaço e aceitei a derrota. Foi quando deu adeus às terras de Askara. Minha derrota e cansaço me levaram a uma depressão profunda, da qual lutava comigo mesmo para quem sabe um dia, ressurgir das trevas.
Era do que eu me lembrava, da ultima vez que fechei meus olhos. Mas minha hibernação acabou. Estou de volta. Meus companheiros antigos estão sumidos, provavelmente perdidos por aí. Grito todos os dias por eles, desde na rua das cidades vazias até as profundezas das cavernas do continente principal.
Eu hei de encontrá-los. Iremos consumar nossa vingança e aí daqueles que ficarem no caminho. Meu treinamento agora é tão intenso e tão forte que sou capaz de escolher entre uma espada mágica e um machado cortador de pedra. Com um golpe sou capaz de transformar o dia em noite e o mar se inundará de sangue. Saiam da frente, poloneses! Eu voltei.
Luneryn Caly
Carta Aberta aos Knights I