Técnica da tranferência de dor.
Diário de Gauler, o alquimista (Parte I)
Antes de mais nada, peço àquele que estiver lendo este meu diário que não me imagine como um louco. Muito pelo contrário. O que você acabará de ler é a prova mais concreta que minhas teorias, por muitas vezes ridicularizadas pelos sábios invejosos que não aceitavam a verdade, são verdadeiras. E, antes de tudo, faço um apelo ao senhor(a), que não divulgue publicamente o que vier a ler, pois desejo eu que isto não caia em mãos erradas.
Para não se sentir perdido, as instruções do que você deverá fazer estão no final deste meu diário.
Tive que juntar todos os meus diários antigos, e juntá-los em um só, fazendo as adaptações necessárias.
Vamos ao que interessa.
23 de Maio
Hoje, mais precisamente às 14:25, encontrei algo um tanto estranho. Tinhamos saído (eu e meus companheiros) em busca de um artefato roubado pelos anjos caídos, e quando finalmente derrotamos os últimos focos resistentes, vasculhamos seus tesouros, provavelmente todos roubados. Naturalmente encontramos o que procurávamos, e algo mais. Mas havia uma coisa, um pergaminho muito velho, a qual todos não deram muita atenção, exceto eu. Talvez não tivessem dado atenção por não entenderem a língua bestial (língua que o pergaminho possuí), ao contrário de mim. Com uma rápida olhada, consegui traduzir as seguintes palavras: "técnica...dor...tranferência...vitória...passos.. .", entre outras que não vale a pena comentar. Aquilo me interessou, e guardei, sem que ninguém percebesse, no bolso.
Chegando em casa, dei as devidas atenções, e confesso-lhes que aquilo me deixou bastante assutado. Resumidamente, falava sobre tranferência de dores (?), domínio sobre o a quarto plano (?), e a destruição de Tibia. Guardei junto a minha coleção de velharias, para não chamar a atenção, e descansei.
25 de Maio
Falei com meu único amigo confiável, com quem posso guardar segredos, meu mestre Tempus, e contei-lhe sobre o que tinha achado. Depois de ter lido o pergaminho atentamente, olhou-me com um olhar que me fez tremer. Ficou em silêncio por duradouros minutos, que parecem eternos, e, depois de analisar a fazer algumas combinações mágicas, enfim chamou-me. Tentarei descrever o máximo possível do que lembro. Suas palavras foram essas:
- Caro Gauler Gurgel, meu primeiro e mais poderoso discípulo. Peço-lhe que que me deixe com esse pergaminho para maiores pesquisas. O que eu descobrir, falarrei-lhe.
Assenti com a cabeça. Não podia negar meu mestre, e não via mal algum dar-lhe o pergaminho para pesquisas por alguns dias. Me equivocara...
02 de Junho
Depois de uma semana sem notícias de meu mestre, resolvi fazer-lhe uma visita. Já havia me esquecido de ter-lhe emprestado o pergaminho misterioso. Bati por várias vezes na porta de sua torre, mas ninguém me atendeu. Com ousadia, admito, adentrei sua torre sem permissão. Talvez algo de errado estivesse acontecendo. A torre pemanecia num assombroso silêncio, apenas podendo-se escutar o sussurrar das chamas das tochas e minhas passadas pelos corredores e escadarias. Não tinha visto nem mesmo seus serviçais. Restava apenas sua sala de experiências, o único local a qual não o tinha procurado, e muito menos ousava adentrar ali sem sua permissão. Mas não pude evitar quando escutei um gemido de dor vindo do interior, e adentrei com toda audacia.
Não pude acreditar no que meus olhos viram. Sete de seus serviçais estavam deitados sobre mesas, presos por cintos metálicos que prendiam suas pernas, braços e pescoço, enquanto um estava curvado diante de meu mestre. Perguntei, com voz trêmula, do que se tratava, e ele apenas me olhou com um sorriso sádico que jamais esquecerei, retirando algo de sua bolsa. Muito rapidamente, lançou-me uma esfera negra, fazendo-me sentir uma dor aguda no peito. Curvei-me, perplexo. Não sabia o que estava acontecendo. Quando percebi que já preparava outra runa, joguei-me para fora da sala. Corri com toda minha velocidade para a sáida da torre, mas ele conseguiu me alcançar, e tampou meu caminho com seu corpo. Sua palavras soaram como flechas eu meu coração:
- Daqui tu não sairás vivo! Ninguém interromperá meus planos!
Antes que eu pudesse fazer algo, lançou-me uma rajada elétrica, fazendo todos os meus ossos se expremerem. A dor foi indescritivel, e agora eu sabia o quanto meu mestre dominava bem as artes mágicas. Numa tentativa estúpida de saber o que estava acontecendo, perguntei-lhe com um sorriso falsamente calmo:
- Isso é uma espécie de treinamento?
A única resposta que tive foi outra rajada elétrica. Agora mais forte, deixando-me atordoado. Murmurei algumas palavras mágicas, recuperando minhas energias. Dizendo-lhe que estava pronto para o treinamento (mais uma vez agi de forma vergonhosa, tentando achar alguma explicação para aquele absurdo todo), aproximei-me rapidamente de seu corpo, encostei minha mão em seu abdômen, e descarreguei-lhe uma poderosa carga elétrica.
Apesar de eu ter certeza que aquele golpe meu teria atordoado o mais resistente dos guerreiros, meu mestre permanceu parado, e passou a respirar profundo e regularmente, como se estivesse meditando. Deopis de alguns segundos de meditação (pelo menso foi o que achei), abriu seus olhos, fixou-me, e, murmurando algumas palavras bestias, apontou-me.
Jamais esquecerei aquela cena.
Comecei a sentir uma dor aguda em meu abdomen, tão devastadora quanto a que eu tinha descarregado no meu mestre. Curvei-me, atordoado, enquando escutava as gargalhadas sádicas de meu mestre. Quando achei que tudo estava perdido, e meu mestre estava pronto para me matar, escutei o portão da torre abrir. Pelas voz, que chamava por meu mestre, percebi que era Garreh, o quebra-braços. Meu mestre murmurou algumas palavras, tornando-se invísivel a olhos comuns. Não sei se ele permaneceu na torre, ou fugiu para outro lugar, mas agradeci aos deuses por aquele terror ter terminado. Garreh viu-me, e acudindo, levoiu-me para sua casa.